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Blog EscutaZé!, Setúbal, um banqueiro no céu?

A Catedral da Sé, em São Paulo, ficou lotada, ontem, com a nata dos empresários e políticos paulistas.

Foram participar da Missa de Sétimo Dia do ex-presidente do Banco Itaú, Olavo Setúbal.

Que Deus o tenha.

Se é que banqueiros vão para o céu. Tenho cá minhas dúvidas.

Empreiteiros eu sei que nem passam pelo Purgatório. Vão direto para o Inferno.

Tanto é verdade que nos bastidores das empreiteiras todos conhecem a história do acordo feito entre Deus e o Diabo para construir uma ponte ligando seus reinos.

Seis meses depois, a metade da ponte que competia ao Diabo já estava pronta. A metade de Deus sequer havia começado.

O Diabo foi tirar satisfações, ao que Deus justificou-se, constrangido: Não havia encontrado um empreiteiro sequer no Paraíso.

Talvez seja impossível, também, encontrar um banqueiro no Céu. A usura é pecado grave e é nela que se baseia o sistema bancário.

Banqueiros são frios. Mesmo porque se assim não fossem só teriam prejuízos.

Contam que um cliente foi pedir empréstimo ao dono do banco e este lhe propôs uma aposta: daria o dinheiro se ele adivinhasse qual de seus olhos era de vidro.

O cliente olhou, olhou, e arriscou: "O esquerdo". Surpreso, o dono do banco confirmou. Mas quis saber como ele havia descoberto.

"É o que tem o olhar mais humano", explicou. Realmente, deve ser bem mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um banqueiro entrar no Reino dos Céus.

No caso de Olavo Setúbal pode ser que Deus abra uma exceção.

Em primeiro lugar, porque sua Missa de Sétimo Dia foi rezada pelo cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer. Isso deve contar alguns pontos.

Depois, porque o dono do Itaú era uma pessoa respeitada e querida. Não sei se por ele próprio, ou por ter a chave do cofre.

Lembro quando o PFL (atual DEM) convenceu-o a sair candidato a governador do Estado de São Paulo, em 1986.

Setúbal já havia sido prefeito nomeado da Capital e deixado o cargo com uma boa imagem, de homem sério, correto, competente.

Os pefelistas estavam animados. Seu partido, formado por dissidentes do malufismo, finalmente tinha um candidato com chances de vencer as eleições. E, o mais importante, tinha muito dinheiro no banco. Melhor do que isso, tinha o próprio banco.

Setúbal, entretanto, precavido, apesar das insistências, nunca marcou uma reunião com a cúpula paulista do PFL na sede do Itaú.

Diziam as más línguas que ele temia ver seus correligionários chegar para o encontro de máscaras e luvas, carregando maçaricos e pés-de-cabra nas maletas.

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A Catedral da Sé, em São Paulo, ficou lotada, ontem, com a nata dos empresários e políticos paulistas.

Foram participar da Missa de Sétimo Dia do ex-presidente do Banco Itaú, Olavo Setúbal.

Que Deus o tenha.

Se é que banqueiros vão para o céu. Tenho cá minhas dúvidas.

Empreiteiros eu sei que nem passam pelo Purgatório. Vão direto para o Inferno. 



Tanto é verdade que nos bastidores das empreiteiras todos conhecem a história do acordo feito entre Deus e o Diabo para construir uma ponte ligando seus reinos.

Seis meses depois, a metade da ponte que competia ao Diabo já estava pronta. A metade de Deus sequer havia começado.

O Diabo foi tirar satisfações, ao que Deus justificou-se, constrangido: Não havia encontrado um empreiteiro sequer no Paraíso.

Talvez seja impossível, também, encontrar um banqueiro no Céu. A usura é pecado grave e é nela que se baseia o sistema bancário.

Banqueiros são frios. Mesmo porque se assim não fossem só teriam prejuízos. 

Contam que um cliente foi pedir empréstimo ao dono do banco e este lhe propôs uma aposta: daria o dinheiro se ele adivinhasse qual de seus olhos era de vidro.

O cliente olhou, olhou, e arriscou: "O esquerdo". Surpreso, o dono do banco confirmou. Mas quis saber como ele havia descoberto.

"É o que tem o olhar mais humano", explicou.

Realmente, deve ser bem mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um banqueiro entrar no Reino dos Céus.

No caso de Olavo Setúbal pode ser que Deus abra uma exceção.

Em primeiro lugar, porque sua Missa de Sétimo Dia foi rezada pelo cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer. Isso deve contar alguns pontos.

Depois, porque o dono do Itaú era uma pessoa respeitada e querida. Não sei se por ele próprio, ou por ter a chave do cofre.

Lembro quando o PFL (atual DEM) convenceu-o a sair candidato a governador do Estado de São Paulo, em 1986.

Setúbal já havia sido prefeito nomeado da Capital e deixado o cargo com uma boa imagem, de homem sério, correto, competente.

Os pefelistas estavam animados. Seu partido, formado por dissidentes do malufismo, finalmente tinha um candidato com chances de vencer as eleições.
 
E, o mais importante, tinha muito dinheiro no banco. Melhor do que isso, tinha o próprio banco.

Setúbal, entretanto, precavido, apesar das insistências, nunca marcou uma reunião com a cúpula paulista do PFL na sede do Itaú.

Diziam as más línguas que ele temia ver seus correligionários chegar para o encontro de máscaras e luvas, carregando maçaricos e pés-de-cabra nas maletas.