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Reportagem Especial - Sexualidade na Terceira Idade, Prazer não tem idade

O tempo passa, o corpo muda. Mas a vontade de compartilhar momentos de prazer a dois continua existindo.

A terceira idade também pode abrigar uma vida sexual rica, mesmo sem a intensidade da juventude? Segundo o médico urologista e terapeuta sexual Celso Marzano, vivenciar o prazer não tem idade.

Mas o primeiro passo para uma boa vida sexual depois dos 60 é ter uma vida ativa fora da cama.

"Aí se você pega um casal de idade, que está muito tranquilo e que não faz nada, também não estão transando. Por quê? Pra você ter uma vida sexual ativa, você precisa estar ativo. Então se você não está trabalhando, você precisa ter atividade, precisa praticar esporte, precisa preparar uma alimentação sadia, precisa ter amigos. Tudo isso prepara a pessoa para passar por cima das mudanças físicas e aí então você tem uma resposta sexual normal." Maria Bernardete Garrote, ou Odete, como ela prefere, é uma goiana de 76 anos que confirma a dica do doutor Celso Marzano.

Com 60 anos de casada, três filhos e seis netos, ela frequenta constantemente a Associação dos Idosos do Brasil em Goiânia, onde muitas vezes aconselha pessoas mais novas que ela.

"Eu acho assim, que a pessoa não pode entregar o corpo, você vê muito idoso que fica em casa sentado o dia inteiro, não faz nada. Eu não entrego, não deito durante o dia, eu aconselho muito meus vizinhos, não pode fazer isso, tem que andar, tem que conversar, não pode entregar o corpo, porque se entregar acabou. Eu não entrego, eu trabalho direitinho, eu faço tudo, eu saio, eu passeio, eu viajo, eu mais o meu marido é normal." Bom, e o resultado de tanta atividade se reflete na cama. Odete tem uma vida sexual de dar inveja a muita gente jovem.

"Não é assim igual era antigamente. Antigamente a gente aceitava assim diariamente, hoje assim é menos, umas duas vezes por semana e pronto. Odete, muita gente nova não faz duas vezes por semana, viu? É? Pois é, é desse jeito, o meu marido é pra frente, você precisa ver, viu?" Bom, mas não é só disposição que garante uma vida sexual bacana. O médico Celso Marzano defende que os casais de todas idades, e principalmente os da terceira idade, experimentem o que ele chama de sexualidade não penetrativa.

Ou seja, que o carinho e o namoro sejam vivenciados fora da cama para que o casal se prepare para o prazer a dois.

E ele destaca que essa preparação para o sexo é importante especialmente para a mulher, que com o passar do tempo precisa de mais carícias e mais atenção para se excitar.

"Se não forem trabalhados os cinco sentidos, que é beijo fora da cama, abraço, é um presentinho, é um agrado, é um telefonema erótico, uma brincadeirinha. Tudo que se faz fora da cama é que prepara a mulher para a cama. E tudo com o passar do tempo, a rotina, o dia-a-dia, desgaste dos relacionamentos, faz o seguinte: tudo vai ter que acontecer na cama, naquela hora. Aí não funciona." Para a vida sexual, o tempo realmente joga contra para as mulheres. A menopausa traz um choque hormonal muito intenso, que se reflete em mudanças físicas e dificuldades emocionais.

No corpo, o que acontece é uma atrofia dos seios e dos genitais. Ou seja, a vagina perde a elasticidade, o que dificulta a penetração.

Celso Marzano aponta que é justamente uma vida sexual ativa que impede que a atrofia avance. Mas o uso de algum tipo de lubrificante pode ser necessário, por isso buscar orientação médica é importante.

Além disso, o médico sugere que o casal encontre outras práticas prazerosas.

"Uma mulher que tem uma vida sexual e que ela tem uma atrofia genital pesada, que não consegue mais penetrar, não tem mais como ter penetração pela via vaginal. Poxa, mas ela tem outras formas de praticar o sexo. Se ela tem uma cabeça boa e tem uma prática sexual variável quando mais nova e praticou o sexo anal, por exemplo, porque não praticar o sexo anal depois da idade? Mas você fala isso e as pessoas até se arrepiam, porque nem muitos dos jovens aceitam isso. Mas como o meu vozinho vai pegar a minha vozinha de cabelo branco?" E para os homens da terceira idade, a principal dificuldade é conseguir manter a ereção. Para isso, o uso de medicamentos como o Viagra pode ajudar.

Mas os remédios não fazem o homem ter desejo, apenas facilitam que a ereção se mantenha por mais tempo.

Para que o desejo siga aceso, outros estímulos também são necessários, como conta Nilson Salles, que ainda leva a esposa ao motel.

"Ainda volto ao motel de vez em quando. Em casa é sempre mais difícil, precisa de mais um estímulo. O motel é mais agradável. Privacidade também, porque aqui em casa o filho mora conosco, você quer ficar à vontade. Em motel você tem mais privacidade, tem os vídeos. Eu não comento muito isso não, mas eventualmente quando comento, "ah que bacana, vocês ainda saem, vão pro motel, eu não saio para o motel há mais de vinte anos", colegas da minha idade dizem." Nilson vai completar 71 anos, e está casado há 46. Ele usava Viagra com mais frequência, mas agora diminuiu o uso para tratar um problema de saúde.

Sempre é bom lembrar que é perigoso usar medicação para disfunção erétil sem orientação médica.

Por volta do ano de 2025, o Brasil terá cerca de 30 milhões de pessoas idosas. Muitas vão estar saudáveis e querendo continuar tendo uma vida sexual.

Com orientação médica, se necessário, boa cabeça e carinho entre o casal, nada impede que o prazer seja experimentado em todas as fases da vida.

De Brasília, Daniele Lessa

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O tempo passa, o corpo muda. Mas a vontade de compartilhar momentos de prazer a dois continua existindo.

A terceira idade também pode abrigar uma vida sexual rica, mesmo sem a intensidade da juventude? Segundo o médico urologista e terapeuta sexual Celso Marzano, vivenciar o prazer não tem idade.

Mas o primeiro passo para uma boa vida sexual depois dos 60 é ter uma vida ativa fora da cama.

"Aí se você pega um casal de idade, que está muito tranquilo e que não faz nada, também não estão transando. Por quê? Pra você ter uma vida sexual ativa, você precisa estar ativo. Então se você não está trabalhando, você precisa ter atividade, precisa praticar esporte, precisa preparar uma alimentação sadia, precisa ter amigos. Tudo isso prepara a pessoa para passar por cima das mudanças físicas e aí então você tem uma resposta sexual normal."

Maria Bernardete Garrote, ou Odete, como ela prefere, é uma goiana de 76 anos que confirma a dica do doutor Celso Marzano.

Com 60 anos de casada, três filhos e seis netos, ela frequenta constantemente a Associação dos Idosos do Brasil em Goiânia, onde muitas vezes aconselha pessoas mais novas que ela.

"Eu acho assim, que a pessoa não pode entregar o corpo, você vê muito idoso que fica em casa sentado o dia inteiro, não faz nada. Eu não entrego, não deito durante o dia, eu aconselho muito meus vizinhos, não pode fazer isso, tem que andar, tem que conversar, não pode entregar o corpo, porque se entregar acabou. Eu não entrego, eu trabalho direitinho, eu faço tudo, eu saio, eu passeio, eu viajo, eu mais o meu marido é normal."

Bom, e o resultado de tanta atividade se reflete na cama. Odete tem uma vida sexual de dar inveja a muita gente jovem.

"Não é assim igual era antigamente. Antigamente a gente aceitava assim diariamente, hoje assim é menos, umas duas vezes por semana e pronto. Odete, muita gente nova não faz duas vezes por semana, viu? É? Pois é, é desse jeito, o meu marido é pra frente, você precisa ver, viu?"

Bom, mas não é só disposição que garante uma vida sexual bacana. O médico Celso Marzano defende que os casais de todas idades, e principalmente os da terceira idade, experimentem o que ele chama de sexualidade não penetrativa.

Ou seja, que o carinho e o namoro sejam vivenciados fora da cama para que o casal se prepare para o prazer a dois.

E ele destaca que essa preparação para o sexo é importante especialmente para a mulher, que com o passar do tempo precisa de mais carícias e mais atenção para se excitar.

"Se não forem trabalhados os cinco sentidos, que é beijo fora da cama, abraço, é um presentinho, é um agrado, é um telefonema erótico, uma brincadeirinha. Tudo que se faz fora da cama é que prepara a mulher para a cama. E tudo com o passar do tempo, a rotina, o dia-a-dia, desgaste dos relacionamentos, faz o seguinte: tudo vai ter que acontecer na cama, naquela hora. Aí não funciona."

Para a vida sexual, o tempo realmente joga contra para as mulheres. A menopausa traz um choque hormonal muito intenso, que se reflete em mudanças físicas e dificuldades emocionais.

No corpo, o que acontece é uma atrofia dos seios e dos genitais. Ou seja, a vagina perde a elasticidade, o que dificulta a penetração.

Celso Marzano aponta que é justamente uma vida sexual ativa que impede que a atrofia avance. Mas o uso de algum tipo de lubrificante pode ser necessário, por isso buscar orientação médica é importante.

Além disso, o médico sugere que o casal encontre outras práticas prazerosas.

"Uma mulher que tem uma vida sexual e que ela tem uma atrofia genital pesada, que não consegue mais penetrar, não tem mais como ter penetração pela via vaginal. Poxa, mas ela tem outras formas de praticar o sexo. Se ela tem uma cabeça boa e tem uma prática sexual variável quando mais nova e praticou o sexo anal, por exemplo, porque não praticar o sexo anal depois da idade? Mas você fala isso e as pessoas até se arrepiam, porque nem muitos dos jovens aceitam isso. Mas como o meu vozinho vai pegar a minha vozinha de cabelo branco?"

E para os homens da terceira idade, a principal dificuldade é conseguir manter a ereção. Para isso, o uso de medicamentos como o Viagra pode ajudar.

Mas os remédios não fazem o homem ter desejo, apenas facilitam que a ereção se mantenha por mais tempo.

Para que o desejo siga aceso, outros estímulos também são necessários, como conta Nilson Salles, que ainda leva a esposa ao motel.

"Ainda volto ao motel de vez em quando. Em casa é sempre mais difícil, precisa de mais um estímulo. O motel é mais agradável. Privacidade também, porque aqui em casa o filho mora conosco, você quer ficar à vontade. Em motel você tem mais privacidade, tem os vídeos. Eu não comento muito isso não, mas eventualmente quando comento, "ah que bacana, vocês ainda saem, vão pro motel, eu não saio para o motel há mais de vinte anos", colegas da minha idade dizem."

Nilson vai completar 71 anos, e está casado há 46. Ele usava Viagra com mais frequência, mas agora diminuiu o uso para tratar um problema de saúde.

Sempre é bom lembrar que é perigoso usar medicação para disfunção erétil sem orientação médica.

Por volta do ano de 2025, o Brasil terá cerca de 30 milhões de pessoas idosas. Muitas vão estar saudáveis e querendo continuar tendo uma vida sexual.

Com orientação médica, se necessário, boa cabeça e carinho entre o casal, nada impede que o prazer seja experimentado em todas as fases da vida.

De Brasília, Daniele Lessa