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RTP Falamos Português, Falamos Português 1

PROGRAMA 1 CHEGADA A PORTUGAL Portugal é um país com uma área total de cerca de noventa e dois mil Km2. Ocupa o extremo oeste da Europa, na zona ocidental da Península Ibérica e é delimitado a norte e este por Espanha e a sul e oeste pelo Oceano Atlântico. Compreende ainda os Arquipélagos dos Açores e da Madeira. É um país rico pela sua história e diversidade. Independente desde 1139, possui as fronteiras mais antigas da Europa e é a primeira nação deste continente europeu a usar uma única língua: o português. Globalmente, podemos dizer que a diversidade de Portugal pode ser apreciada em quatro, ou cinco blocos: o Norte, o Centro, o Sul e as Ilhas, que formam duas regiões autónomas: a dos Açores e da Madeira. Nesta série de programas vamos conhecer essa diversidade e também alguns aspectos linguísticos da língua, na companhia de três amigos... (infelizmente essa transcrição da conversa entre a Ana, o João e o António não é exacta.) António: – Olá! Eu sou o António Silva. Estou no aeroporto à espera de um grande amigo meu, o João Tavares. Ele vem passar as férias a Lisboa e vem com a prima, a Ana Paula. O avião já aterrou, por isso acho que estão quase a aparecer ali ... (...) João (para a Ana): – Olha o António! Está ali! (Para o António) – Que bom! Ainda bem que estás aqui! Que bom voltar a ver-te! Como estás?

António: – Estou óptimo, obrigado.

João: – Este é o meu amigo António. (Para o António) - E tu, lembras-te da minha prima Ana Paula? (Para os dois) Vocês já se encontraram, lembram-se? Ana: – Claro que me lembro! (Para o António) - Que prazer em voltar a vê-lo! Como está? António: – Lembro-me perfeitamente. (Para a Ana) - Para mim também é um prazer voltar a encontrá-la. João: – Mas porque é que vocês não se tratam por tu? Deixem-se de cerimónias.

António: – Com certeza. Também concordo. Ana: – Também acho. É muito mais prático. António: –Então, Bom, a viagem? Correu bem?

Ana: – Correu bem, boa, mas um bocado cansativa... João: – Claro! Para a Ana todas as viagens são cansativas... É natural... Ela traz tantas malas! António: – Bem então vamos, eu tenho ali o carro que vos vai levar ao hotel. Eu tenho pena que não fiquem em minha casa mas já sabem... eu tenho um apartamento muito pequeno... João: – Por favor. Não tens de ter pena... nem tens de te incomodar connosco. Está muito bem assim. Nós estamos de férias, ficamos no hotel, podemos passear e fazer o que nos apetecer. Tu tens o teu trabalho. Encontramo-nos nos teus tempos livres... Ana: – Claro! Não tem importância. Nós podemos perfeitamente descobrir a cidade sozinhos... ÓPTIMO VAMOS!

João: – Estou espantado! Não me lembro de nada disto! Há tanto tempo que não venho cá!... Ana: – É... está muito diferente!... É natural também! As coisas mudam com o tempo... António: – Pois é! Há muitas coisas novas e outras antigas. Continua a ser uma cidade de contrastes. Pois é, mas acho que vocês vão gostar muito, muito de Lisboa... e de Portugal inteiro!. João: – Eu aposto que sim! Quero ver tudo... Ana: – Bom, tudo é impossível... mas eu também quero passear... Quero conhecer um bocadinho da história portuguesa, também quero fazer compras; mas sobretudo o que eu quero saber mesmo? Quero comer aqueles petiscos de que os meus pais falam tantas vezes... António: – Ah! Isso é o mais fácil....Estou a ver... Planos não vos faltam!... João: – Podes crer... (...) Recepcionista: – Boa tarde. Façam favor.... João: – Boa tarde. Nós temos uma reserva para dois quartos individuais. Um em nome de João Pedro Tavares ... e outro em nome de Ana Paula Martins. Recepcionista: – Só um momento por favor.... Ah! Sim: A Sr.ª D. Ana Paula que está com o quarto n.º 806. tem vista para a cidade e a reserva em nome do Sr. Tavares, quarto n.º 817, um basic um, com vista para o rio e para castelo.

João: – Óptimo, que bom! Adoro ver água... e barcos... E tem varanda? Recepcionista: – Tem, sim. Portanto é o seguinte: vou precisar que me faça uma rubrica também... e o Sr. também... e vou precisar também dos vossos B.I.s (Bilhete de Identificação). ... B.I.... faça o favor... A senhora é o quarto 806 no oitavo piso, tem aqui a chave dentro e o senhor é o quarto 817 no oitavo piso também. O pequeno almoço está incluído, é das 07:00 às 11:00 horas e é naquela sala ali ao fundo. Se precisarem de qualquer coisa liguem para a recepção que é o nº 9 e tenham uma boa estadia.

António: – Então estão prontos? Não vos incomodo mais. Amanhã telefono, mas ficam com o meu número de telemóvel João: – Não te preocupes connosco António. Muito obrigado por tudo.

Ana: – Obrigado António. Dê cá um beijinho. Gostaria de voltar a ver-te.

António: Eu também, adeus.

Adios.

A Ana e o João acabam de chegar ao aeroporto de Lisboa, onde encontram o António, um amigo do João. Os cumprimentos entre os dois rapazes surgem naturalmente. Depois, de um modo um pouco mais formal, a Ana é apresentada ao António.

Este programa, por ser o primeiro, alerta para convenções sociais que se estabelecem entre falantes. São especificidades da língua que revelam adequação a contextos e situações, ora mais informais ora mais formais, de que são bons exemplos as formas de tratamento. Neste programa, abordamos ainda os diferentes modos de que dispomos em português para referenciar o outro, para nos apresentarmos ou apresentarmos alguém e ainda para agradecermos. Mostramos também uma maneira possível de expressar vontade. E finalmente falamos também da distinção entre os verbos SER e ESTAR.

(1. FORMAS DE TRATAMENTO) Terão, provavelmente, notado que no início do diálogo as formas de tratamento usadas entre o António e o João diferem daquelas que surgem entre o António e a Ana. É possível sentir-se que há uma maior familiaridade entre os dois rapazes porque estes se conhecem há mais tempo e têm uma relação de amizade mais longa.

Vamos rever: [listen for the following] João: - Que bom! Ainda bem que estás aqui! Que bom voltar a ver-te! Como estás?

António: Estou óptimo, obrigado. Ana: – Claro que me lembro! Como está? Que prazer em voltar a vê-lo!

António: Lembro-me perfeitamente, para mim também é um prazer voltar a encontrará-los.

Ana: Mas que cavalheiro!!! João: – Mas porque é que vocês não se tratam por tu? Deixem-se de cerimónias.

Vemos que são usadas duas formas que diferem ligeiramente entre si e revelam dois modos de uso de língua: um uso informal e um uso formal.

Informal “Que bom voltar a ver-te! Como estás?” Formal “Que prazer em voltar a vê-lo! Como está?” Estruturalmente, estes dois processos mostram a utilização do verbo na 2ª pessoa no primeiro exemplo (uso informal) e na 3ª pessoa no segundo (uso formal): Informal Estás (tu) Formal Está (você, o Senhor, a Senhora, ...) Por isso, a imediata intervenção do João, perguntando naturalmente por que razão eles não se tratam por “tu”, irá provocar uma uniformização das formas de tratamento usadas por estes três jovens amigos. vocês não se tratam por tu? Deixem-se de cerimónias [Informal - Como estás? Verbo -2ª pessoa singular (TU ) Formal - Como estão? verbo 3ª pessoa plural (VOCÊS ) - Como está? verbo - 3ª pessoa singular (VOCÊ) - Como estão? verbo 3ª pessoa plural (VOCÊS) + Formal - Como está, o senhor X? verbo - 3ª pessoa singular (O SENHOR) - Como estão, os senhores? verbo 3ª pessoa plural (OS SENHORES))] Na situação analisada surge a diferença entre o uso de “tu” e de “você”. De facto, ainda que de forma breve, apercebemo-nos já de alguma diferença quanto à sua utilização, não só pela forma verbal seleccionada, como pelo grau de formalidade que envolve: A segunda pessoa do singular do verbo, com ou sem explicitação do pronome ‘tu', contém uma marca de grande familiaridade. É usada normalmente entre amigos e entre colegas de trabalho de faixas etárias iguais ou próximas.

A terceira pessoa do singular do verbo é usada com ‘você' e apresenta um grau de maior formalidade em relações de trabalho entre colegas ou noutras relações sociais entre pessoas sem proximidade familiar. (Habitualmente, no português de Portugal, “você” não é usado de forma explícita, ao contrário do que acontece com o português brasileiro, onde o seu uso é muito mais alargado. Contudo, não é difícil encontrar, em Portugal, situações em que ”você” é usado explicitamente. Por exemplo, pode, em muitos casos, constituir marca de poder hierárquico, vindo do superior para o subordinado; pode também ser uma marca de expressão de intimidade em certas camadas sociais altas. )- Expressões como “o Senhor” ou “os Senhores” são formas de cortesia bastante mais formais do que “tu” e mesmo mais formais do que “você”. Ocorrem quando não existe qualquer grau de familiaridade entre os interlocutores.

Eu sou o António Silva... - Olha o António! - Este é o meu amigo António. - E tu, lembras-te da minha prima Ana Paula? Para a Ana todas as viagens são cansativas... [O uso restritivo de ‘Vós' Ainda uma nota de atenção quanto ao uso restrito do pronome “vós”. Trata-se de um pronome de uso muito circunscrito à região norte do país. Nas restantes regiões é habitualmente substituído por “vocês”, ou por “os Senhores”, usando a forma verbal correspondente à 3ª pessoa do plural. Vocês já se encontraram, lembram-se? (Vós já vos encontrastes, lembrais-vos?)

REFERENCIAR O OUTRO Também o modo como nos apresentamos e nos dirigimos ou nos referimos ao outro pode obedecer a recursos diversos. Observemos como os nossos jovens amigos se referem entre si e como são referidos pela recepcionista do hotel: Entre Amigos...´] Podemos verificar que, informalmente, nos dirigimos ao nosso interlocutor usando o nome próprio precedido do artigo definido.

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PROGRAMA 1

CHEGADA A PORTUGAL
Portugal é um país com uma área total de cerca de noventa e dois mil Km2. Ocupa o extremo oeste da Europa, na zona ocidental da Península Ibérica e é delimitado a norte e este por Espanha e a sul e oeste pelo Oceano Atlântico. Compreende ainda os Arquipélagos dos Açores e da Madeira.
É um país rico pela sua história e diversidade. Independente desde 1139, possui as fronteiras mais antigas da Europa e é a primeira nação deste continente europeu a usar uma única língua: o português.
Globalmente, podemos dizer que a diversidade de Portugal pode ser apreciada em quatro, ou cinco blocos: o Norte, o Centro, o Sul e as Ilhas, que formam duas regiões autónomas: a dos Açores e da Madeira.
Nesta série de programas vamos conhecer essa diversidade e também alguns aspectos linguísticos da língua, na companhia de três amigos...

(infelizmente essa transcrição da conversa entre a Ana, o João e o António não é exacta.)

António: – Olá! Eu sou o António Silva. Estou no aeroporto à espera de um grande amigo meu, o João Tavares. Ele vem passar as férias a Lisboa e vem com a prima, a Ana Paula. O avião já aterrou, por isso acho que estão quase a aparecer ali ...
(...)

João (para a Ana): – Olha o António! Está ali! (Para o António) – Que bom! Ainda bem que estás aqui! Que bom voltar a ver-te! Como estás?
António: – Estou óptimo, obrigado.

João: – Este é o meu amigo António. (Para o António) - E tu, lembras-te da minha prima Ana Paula? (Para os dois) Vocês já se encontraram, lembram-se?
Ana: – Claro que me lembro! (Para o António) - Que prazer em voltar a vê-lo! Como está?
António: – Lembro-me perfeitamente. (Para a Ana) - Para mim também é um prazer voltar a encontrá-la.
João: – Mas porque é que vocês não se tratam por tu? Deixem-se de cerimónias.
António: – Com certeza. Também concordo.
Ana: – Também acho. É muito mais prático.
António: –Então, Bom, a viagem? Correu bem?

Ana: – Correu bem, boa, mas um bocado cansativa...
João: – Claro! Para a Ana todas as viagens são cansativas... É natural... Ela traz tantas malas!
António: – Bem então vamos, eu tenho ali o carro que vos vai levar ao hotel. Eu tenho pena que não fiquem em minha casa mas já sabem... eu tenho um apartamento muito pequeno...
João: – Por favor. Não tens de ter pena... nem tens de te incomodar connosco. Está muito bem assim. Nós estamos de férias, ficamos no hotel, podemos passear e fazer o que nos apetecer. Tu tens o teu trabalho. Encontramo-nos nos teus tempos livres...
Ana: – Claro! Não tem importância. Nós podemos perfeitamente descobrir a cidade sozinhos... ÓPTIMO VAMOS!

 

João: – Estou espantado! Não me lembro de nada disto! Há tanto tempo que não venho cá!...
Ana: – É... está muito diferente!... É natural também! As coisas mudam com o tempo...
António: – Pois é! Há muitas coisas novas e outras antigas. Continua a ser uma cidade de contrastes. Pois é, mas acho que vocês vão gostar muito, muito de Lisboa... e de Portugal inteiro!.
João: – Eu aposto que sim! Quero ver tudo...
Ana: – Bom, tudo é impossível... mas eu também quero passear... Quero conhecer um bocadinho da história portuguesa, também quero fazer compras; mas sobretudo o que eu quero saber mesmo? Quero comer aqueles petiscos de que os meus pais falam tantas vezes...
António: – Ah! Isso é o mais fácil....Estou a ver... Planos não vos faltam!...
João: – Podes crer...

(...)
Recepcionista: – Boa tarde. Façam favor....
João: – Boa tarde. Nós temos uma reserva para dois quartos individuais. Um em nome de João Pedro Tavares ... e outro em nome de Ana Paula Martins.
Recepcionista: – Só um momento por favor.... Ah! Sim: A Sr.ª D. Ana Paula que está com o quarto n.º 806. tem vista para a cidade e a reserva em nome do Sr. Tavares, quarto n.º 817, um basic um, com vista para o rio e para castelo.

João: – Óptimo, que bom! Adoro ver água... e barcos... E tem varanda?
Recepcionista: – Tem, sim. Portanto é o seguinte: vou precisar que me faça uma rubrica também... e o Sr. também... e vou precisar também dos vossos B.I.s (Bilhete de Identificação). ... B.I.... faça o favor...   A senhora é o quarto 806 no oitavo piso, tem aqui a chave dentro e o senhor é o quarto 817 no oitavo piso também. O pequeno almoço está incluído, é das 07:00 às 11:00 horas e é naquela sala ali ao fundo. Se precisarem de qualquer coisa liguem para a recepção que é o nº 9 e tenham uma boa estadia.

António: – Então estão prontos? Não vos incomodo mais. Amanhã telefono, mas ficam com o meu número de telemóvel
João: – Não te preocupes connosco António. Muito obrigado por tudo. 

Ana: – Obrigado António. Dê cá um beijinho. Gostaria de voltar a ver-te.

António: Eu também, adeus.

Adios.

 

A Ana e o João acabam de chegar ao aeroporto de Lisboa, onde encontram o António, um amigo do João. Os cumprimentos entre os dois rapazes surgem naturalmente. Depois, de um modo um pouco mais formal, a Ana é apresentada ao António.

Este programa, por ser o primeiro, alerta para convenções sociais que se estabelecem entre falantes. São especificidades da língua que revelam adequação a contextos e situações, ora mais informais ora mais formais, de que são bons exemplos as formas de tratamento. Neste programa, abordamos ainda os diferentes modos de que dispomos em português para referenciar o outro, para nos apresentarmos ou apresentarmos alguém e ainda para agradecermos. Mostramos também uma maneira possível de expressar vontade. E finalmente falamos também da distinção entre os verbos SER e ESTAR.

(1. FORMAS DE TRATAMENTO)

Terão, provavelmente, notado que no início do diálogo as formas de tratamento usadas entre o António e o João diferem daquelas que surgem entre o António e a Ana. É possível sentir-se que há uma maior familiaridade entre os dois rapazes porque estes se conhecem há mais tempo e têm uma relação de amizade mais longa.

Vamos rever:

 

[listen for the following]

João: - Que bom! Ainda bem que estás aqui! Que bom voltar a ver-te! Como estás?

António: Estou óptimo, obrigado.
Ana: – Claro que me lembro! Como está? Que prazer em voltar a vê-lo!

António: Lembro-me perfeitamente, para mim também é um prazer voltar a encontrará-los.

Ana: Mas que cavalheiro!!!
João: – Mas porque é que vocês não se tratam por tu? Deixem-se de cerimónias.


Vemos que são usadas duas formas que diferem ligeiramente entre si e revelam dois modos de uso de língua: um uso informal e um uso formal.

Informal
“Que bom voltar a ver-te!
Como estás?”

Formal

“Que prazer em voltar a vê-lo!
Como está?”

Estruturalmente, estes dois processos mostram a utilização do verbo na 2ª pessoa no primeiro exemplo (uso informal) e na 3ª pessoa no segundo (uso formal):

Informal

Estás (tu)

Formal

Está (você, o Senhor, a Senhora, ...)

Por isso, a imediata intervenção do João, perguntando naturalmente por que razão eles não se tratam por “tu”, irá provocar uma uniformização das formas de tratamento usadas por estes três jovens amigos.

vocês não se tratam por tu? Deixem-se de cerimónias

[Informal

- Como estás?
Verbo -2ª pessoa singular
(TU )

Formal
- Como estão?
verbo 3ª pessoa plural
(VOCÊS )
- Como está?
verbo - 3ª pessoa singular (VOCÊ)
- Como estão?
verbo 3ª pessoa plural
(VOCÊS)


+ Formal
- Como está, o senhor X?
verbo - 3ª pessoa singular
(O SENHOR)
- Como estão, os senhores?
verbo 3ª pessoa plural
(OS SENHORES))]


Na situação analisada surge a diferença entre o uso de “tu” e de “você”. De facto, ainda que de forma breve, apercebemo-nos já de alguma diferença quanto à sua utilização, não só pela forma verbal seleccionada, como pelo grau de formalidade que envolve:

A segunda pessoa do singular do verbo, com ou sem explicitação do pronome ‘tu', contém uma marca de grande familiaridade. É usada normalmente entre amigos e entre colegas de trabalho de faixas etárias iguais ou próximas.

A terceira pessoa do singular do verbo é usada com ‘você' e apresenta um grau de maior formalidade em relações de trabalho entre colegas ou noutras relações sociais entre pessoas sem proximidade familiar.

 

(Habitualmente, no português de Portugal, “você” não é usado de forma explícita, ao contrário do que acontece com o português brasileiro, onde o seu uso é muito mais alargado. Contudo, não é difícil encontrar, em Portugal, situações em que ”você” é usado explicitamente. Por exemplo, pode, em muitos casos, constituir marca de poder hierárquico, vindo do superior para o subordinado; pode também ser uma marca de expressão de intimidade em certas camadas sociais altas.)-

Expressões como “o Senhor” ou “os Senhores” são formas de cortesia bastante mais formais do que “tu” e mesmo mais formais do que “você”. Ocorrem quando não existe qualquer grau de familiaridade entre os interlocutores.

Eu sou o António Silva...
- Olha o António!
- Este é o meu amigo António. - E tu, lembras-te da minha prima Ana Paula? Para a Ana todas as viagens são cansativas...

[O uso restritivo de ‘Vós'

Ainda uma nota de atenção quanto ao uso restrito do pronome “vós”. Trata-se de um pronome de uso muito circunscrito à região norte do país. Nas restantes regiões é habitualmente substituído por “vocês”, ou por “os Senhores”, usando a forma verbal correspondente à 3ª pessoa do plural.
Vocês já se encontraram, lembram-se?
(Vós já vos encontrastes, lembrais-vos?)

REFERENCIAR O OUTRO
Também o modo como nos apresentamos e nos dirigimos ou nos referimos ao outro pode obedecer a recursos diversos. Observemos como os nossos jovens amigos se referem entre si e como são referidos pela recepcionista do hotel:
Entre Amigos...´]

Podemos verificar que, informalmente, nos dirigimos ao nosso interlocutor usando o nome próprio precedido do artigo definido.