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Escriba Café, Exército de Libertação Mundial

Um herói representa a condição humana na sua complexidade psicológica, social e ética; por outro lado, ele transcende a mesma condição, na medida em que representa facetas e virtudes que o homem comum não consegue mas gostaria de atingir – fé, coragem, vaidade, orgulho, força de vontade, determinação, paciência… O herói será tipicamente guiado por ideais nobres e altruístas – liberdade, fraternidade, sacrifício, coragem, justiça, paz… Muitos heróis passam por nossa história. Mas vivem e morrem como todos os homens. Alguns como mártires, outros na solidão e no esquecimento.

Um certo Sir Thomas Browne escreveu em uma de suas obras: não considero o mundo como uma hospedaria, mas como um hospital; não como um lugar para se viver, mas para morrer.

Sir Thomas Browne, era médico, escritor e morreu. Assim como todos já morreram, estão morrendo ou vão morrer. Começamos a morrer desde o momento em que nascemos.

E esquecendo esse fator primordial. Essa certeza única e inabalável, nos privamos da vida. Criamos morais, crenças, e o abominável desejo de poder.

No reino dos animais irracionais, mata-se para comer, para viver. No reino dos humanos pensantes, mata-se o companheiro de espécie, num canibalismo absurdo pelo dinheiro e pelo poder.

Matas e florestas inteiras são destruídas. Rios são completamente inutilizados. Outros animais são caçados até à extinção. Céus e ares poluídos nos impedindo de respirar. Homens obesos se engordando ainda mais em tronos de seda e ouro, e outros morrendo de fome jogados num chão de concreto frio.

A maldade e a ignorância estão formando um exército de homens excluídos que matam, violam, torturam. E também homens não excluídos que exploram, dominam, roubam e enriquecem às custas dos homens menores.

O mal começa a vencer a longa guerra que foi selada há milênios. Os alienados, que são a maioria no planeta, de olhos tapados por vendas de comodismo não percebem a violenta e obscena batalha que ocorre à sua volta.

Mas outro exército começa a se formar. São os heróis que representam a resistência contra o mal. São homens bons de espírito, conscientes e justos o suficiente para saberem que o homem e suas regras são falhos até para fazer justiça. Seu maior objetivo é um mundo melhor, sem diferenças, fome e devastação do planeta.

Homens e mulheres que dedicam sua vida para lutar pacificamente contra o ataque à natureza. Participam de ações filantrópicas para auxiliar as vítimas necessitadas da desigualdade social. Dedicam seu tempo parcial ou integral para ensinar, educar, conscientizar e tornar o mundo um lugar bom de se viver para todos e não somente para poucos.

Mas eles perceberam que suas ações, apesar de ajudar muito, ajuda poucos. E para cada ação boa no mundo, outras 100 ruins são feitas. Começaram e se sentir presos e reprimidos. Concluíram que era chegada a difícil e trágica hora de um ataque final, antes que tudo seja perdido. E numa organização nunca antes vista, esses heróis formam o Exército Utópico de Libertação Mundial. Eles não podem agir separadamente, ou as forças invisíveis do sistema dos homens maus, que são muito maiores, irão reprimí-los fatalmente, e como aprenderam com a história, ataques pequenos não surtem efeitos. Eles sabem que têm uma única chance, para um único ataque que mude tudo definitivamente e para sempre.

A paciência é um dos fatores mais importantes nos planos desse exército, que com o passar dos anos vai se infiltrando aos poucos nas principais instituições governamentais e econômicas de quase todos os países. Não há uma instituição importante sequer no mundo que não possua um funcionário que faz parte do Exército Utópico.

Silenciosos e desconhecidos, deixam parecer que não há mais resistência e que o mundo está somente e definitivamente nas mãos dos ignorantes governantes e políticos.

Tudo finalmente fica engatilhado. O plano está pronto para ser executado. Todos os envolvidos estão a postos para o início do ataque. O sinal que marcará esse início é o eclipse solar do dia 4 de junho de 2025.

Uma calmaria precede o dia final. A contagem regressiva começa. Todos estão à postos. O dia 4 de junho amanhece como o dia que será lembrado como o fim da sociedade e do sistema.

Em vários escritórios e prédios governamentais por todo o mundo, alguns celulares começam a apitar o recebimento de mensagens. Todos ao mesmo tempo. Ao visualizar a mensagem pode-se ler: “Começar AGORA!” Essas pessoas, pegam controles, outras abrem laptops, outros ainda pegam granadas de mão. Caminham lentamente, pensativos e decididos. Botões são apertados, comandos são dados através dos laptops, granadas de mão são lançadas.

Por toda parte do mundo explosões simultâneas acontecem. O Capitólio nos Estados Unidos está em chamas, o Congresso no Brasil vai ao chão, supremos tribunais explodindo aos montes, Wallstreet e várias bolsas de valores pelo mundo explodem, empresas de fornecimento de energia e comunicação também. China, Rússia, Alemanha, França e os principais países do mundo presenciam o caos nas ruas. Em menos de uma hora toda a comunicação e eletricidade do mundo são cortados. Pessoas saem às ruas desesperadas enquanto outras se trancam em casa sem entender nada. Estão vendo todo o mundo de ilusão criado pela sociedade ir pelos ares. A organização chamada sociedade cai. - - - Aqui, cem anos depois do ataque do Exército Utópico de Libertação mundial, vê-se algo impressionante. Não existem mais grandes cidades e os seres humanos vivem numa espécie de organização tribal coletiva . O verde tomou conta de boa parte do planeta que antes era feita de concreto e aço. No planeta inteiro não existem mais do que dez milhões de pessoas. Não há armas, guerras nem crimes.

O motivo disso foi a sucessão de eventos que ocorreu após o ataque do exército de libertação: logo após os atentados, todas as autoridades mundial perderam em questão de horas o controle sobre seus países e habitantes. Criminosos se aproveitaram da situação para saquear, matar, roubar. Não havia luz nem meios de comunicação para a maioria das pessoas. E economia mundial desintegrou-se em minutos junto com a destruição das bolsas de valores e instituições do governo. Como última tentativa de restituir ordem, e movidos por desespero, alguns líderes, imaginando se tratar de ataques inimigos, iniciaram ataques contra os países adversários.

Depois de seis anos de batalhas envolvendo todos os países do mundo, bombas atômicas e destruição total, a guerra acaba sem vencedores. Já não existiam muitas pessoas, nem fábricas, nem munição para continuar.

Não haviam mais líderes, autoridades ou qualquer força que se fizesse respeitar. O caos fora instituído. Muitos ainda tentaram se erguer como líderes, mas não conseguiram. A lei do “Cada um por si” regia o planeta e toda a maldade humana e desespero pôde ser vista quando um matava o outro sem motivo algum. Era a crise de abstinência pela sociedade, pelo sistema.

Não demorou muito para que gangues começassem a surgir. Criminosos que viam ali a chance de poder, se juntaram para tentar dominar as pessoas. Estupravam as mulheres e matavam por diversão. A gangue deles crescia.

O Exército Utópico tinha derrubado o escudo e a máscara de seu inimigo. Antes invisível e intocável em forma de sociedade e sistema, se mostrava agora meramente humano naquelas gangues de pessoas más.

Os sobreviventes do exército se juntaram à outras pessoas e fizeram a última guerra do planeta, matando todo e qualquer humano que mostrasse desejo de poder sobre outro humano, eliminando as gangues. Era uma selvageria.

Nessas horas é difícil entender o que foi bom e o que foi ruim. Quem foram os heróis e quem foram os vilões. Não dá para saber. O massacre que ocorreu no planeta foi triste e lamentável para todos. Os próprios componentes do ex-exército utópico já não sabiam se tinham feito algo bom ou ruim.

Os anos se passaram e hoje, no ano de 2125, a paz reina no mundo, sem política, sem muita gente e sem ambições maiores do que simplesmente viver feliz.

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Um herói representa a condição humana na sua complexidade psicológica, social e ética; por outro lado, ele transcende a mesma condição, na medida em que representa facetas e virtudes que o homem comum não consegue mas gostaria de atingir – fé, coragem, vaidade, orgulho, força de vontade, determinação, paciência…

O herói será tipicamente guiado por ideais nobres e altruístas – liberdade, fraternidade, sacrifício, coragem, justiça, paz…

Muitos heróis passam por nossa história. Mas vivem e morrem como todos os homens. Alguns como mártires, outros na solidão e no esquecimento.

Um certo Sir Thomas Browne escreveu em uma de suas obras: não considero o mundo como uma hospedaria, mas como um hospital; não como um lugar para se viver, mas para morrer.

Sir Thomas Browne, era médico, escritor e morreu. Assim como todos já morreram, estão morrendo ou vão morrer. Começamos a morrer desde o momento em que nascemos.

E esquecendo esse fator primordial. Essa certeza única e inabalável, nos privamos da vida. Criamos morais, crenças, e o abominável desejo de poder.

No reino dos animais irracionais, mata-se para comer, para viver. No reino dos humanos pensantes, mata-se o companheiro de espécie, num canibalismo absurdo pelo dinheiro e pelo poder.

Matas e florestas inteiras são destruídas. Rios são completamente inutilizados. Outros animais são caçados até à extinção. Céus e ares poluídos nos impedindo de respirar. Homens obesos se engordando ainda mais em tronos de seda e ouro, e outros morrendo de fome jogados num chão de concreto frio.

A maldade e a ignorância estão formando um exército de homens excluídos que matam, violam, torturam. E também homens não excluídos que exploram, dominam, roubam e enriquecem às custas dos homens menores.

O mal começa a vencer a longa guerra que foi selada há milênios. Os alienados, que são a maioria no planeta, de olhos tapados por vendas de comodismo não percebem a violenta e obscena batalha que ocorre à sua volta.

Mas outro exército começa a se formar. São os heróis que representam a resistência contra o mal. São homens bons de espírito, conscientes e justos o suficiente para saberem que o homem e suas regras são falhos até para fazer justiça. Seu maior objetivo é um mundo melhor, sem diferenças, fome e devastação do planeta.

Homens e mulheres que dedicam sua vida para lutar pacificamente contra o ataque à natureza. Participam de ações filantrópicas para auxiliar as vítimas necessitadas da desigualdade social. Dedicam seu tempo parcial ou integral para ensinar, educar, conscientizar e tornar o mundo um lugar bom de se viver para todos e não somente para poucos.

Mas eles perceberam que suas ações, apesar de ajudar muito, ajuda poucos. E para cada ação boa no mundo, outras 100 ruins são feitas. Começaram e se sentir presos e reprimidos. Concluíram que era chegada a difícil e trágica hora de um ataque final, antes que tudo seja perdido. E numa organização nunca antes vista, esses heróis formam o Exército Utópico de Libertação Mundial. Eles não podem agir separadamente, ou as forças invisíveis do sistema dos homens maus, que são muito maiores, irão reprimí-los fatalmente, e como aprenderam com a história, ataques pequenos não surtem efeitos. Eles sabem que têm uma única chance, para um único ataque que mude tudo definitivamente e para sempre.

A paciência é um dos fatores mais importantes nos planos desse exército, que com o passar dos anos vai se infiltrando aos poucos nas principais instituições governamentais e econômicas de quase todos os países. Não há uma instituição importante sequer no mundo que não possua um funcionário que faz parte do Exército Utópico.

Silenciosos e desconhecidos, deixam parecer que não há mais resistência e que o mundo está somente e definitivamente nas mãos dos ignorantes governantes e políticos.

Tudo finalmente fica engatilhado. O plano está pronto para ser executado. Todos os envolvidos estão a postos para o início do ataque. O sinal que marcará esse início é o eclipse solar do dia 4 de junho de 2025.

Uma calmaria precede o dia final. A contagem regressiva começa. Todos estão à postos. O dia 4 de junho amanhece como o dia que será lembrado como o fim da sociedade e do sistema.

Em vários escritórios e prédios governamentais por todo o mundo, alguns celulares começam a apitar o recebimento de mensagens. Todos ao mesmo tempo. Ao visualizar a mensagem pode-se ler: “Começar AGORA!”

Essas pessoas, pegam controles, outras abrem laptops, outros ainda pegam granadas de mão. Caminham lentamente, pensativos e decididos. Botões são apertados, comandos são dados através dos laptops, granadas de mão são lançadas.

Por toda parte do mundo explosões simultâneas acontecem. O Capitólio nos Estados Unidos está em chamas, o Congresso no Brasil vai ao chão, supremos tribunais explodindo aos montes, Wallstreet e várias bolsas de valores pelo mundo explodem, empresas de fornecimento de energia e comunicação também. China, Rússia, Alemanha, França e os principais países do mundo presenciam o caos nas ruas. Em menos de uma hora toda a comunicação e eletricidade do mundo são cortados. Pessoas saem às ruas desesperadas enquanto outras se trancam em casa sem entender nada. Estão vendo todo o mundo de ilusão criado pela sociedade ir pelos ares. A organização chamada sociedade cai.
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Aqui, cem anos depois do ataque do Exército Utópico de Libertação mundial, vê-se algo impressionante. Não existem mais grandes cidades e os seres humanos vivem numa espécie de organização tribal coletiva . O verde tomou conta de boa parte do planeta que antes era feita de concreto e aço. No planeta inteiro não existem mais do que dez milhões de pessoas. Não há armas, guerras nem crimes.

O motivo disso foi a sucessão de eventos que ocorreu após o ataque do exército de libertação: logo após os atentados, todas as autoridades mundial perderam em questão de horas o controle sobre seus países e habitantes. Criminosos se aproveitaram da situação para saquear, matar, roubar. Não havia luz nem meios de comunicação para a maioria das pessoas. E economia mundial desintegrou-se em minutos junto com a destruição das bolsas de valores e instituições do governo. Como última tentativa de restituir ordem, e movidos por desespero, alguns líderes, imaginando se tratar de ataques inimigos, iniciaram ataques contra os países adversários.

Depois de seis anos de batalhas envolvendo todos os países do mundo, bombas atômicas e destruição total, a guerra acaba sem vencedores. Já não existiam muitas pessoas, nem fábricas, nem munição para continuar.

Não haviam mais líderes, autoridades ou qualquer força que se fizesse respeitar. O caos fora instituído. Muitos ainda tentaram se erguer como líderes, mas não conseguiram. A lei do “Cada um por si” regia o planeta e toda a maldade humana e desespero pôde ser vista quando um matava o outro sem motivo algum. Era a crise de abstinência pela sociedade, pelo sistema.

Não demorou muito para que gangues começassem a surgir. Criminosos que viam ali a chance de poder, se juntaram para tentar dominar as pessoas. Estupravam as mulheres e matavam por diversão. A gangue deles crescia.

O Exército Utópico tinha derrubado o escudo e a máscara de seu inimigo. Antes invisível e intocável em forma de sociedade e sistema, se mostrava agora meramente humano naquelas gangues de pessoas más.

Os sobreviventes do exército se juntaram à outras pessoas e fizeram a última guerra do planeta, matando todo e qualquer humano que mostrasse desejo de poder sobre outro humano, eliminando as gangues. Era uma selvageria.

Nessas horas é difícil entender o que foi bom e o que foi ruim. Quem foram os heróis e quem foram os vilões. Não dá para saber. O massacre que ocorreu no planeta foi triste e lamentável para todos. Os próprios componentes do ex-exército utópico já não sabiam se tinham feito algo bom ou ruim.

Os anos se passaram e hoje, no ano de 2125, a paz reina no mundo, sem política, sem muita gente e sem ambições maiores do que simplesmente viver feliz.