×

Mes naudojame slapukus, kad padėtume pagerinti LingQ. Apsilankę avetainėje Jūs sutinkate su mūsų slapukų politika.


image

RTP Falamos Português, Falamos Português 2.1

PROGRAMA 2 TRANSPORTES URBANOS A cidade de Lisboa é o centro de uma vasta área metropolitana, com mais de 2 milhões de habitantes e com mais de 3 mil quilómetros quadrados, abrangendo os concelhos das duas margens do rio Tejo. Só a área urbana ocupa cerca de 84 quilómetros quadrados, aproximadamente, e tem à volta de 500 mil habitantes. É, por isso, fácil de compreender o movimento diário de deslocações entre a periferia e a cidade e dentro da cidade: são aproximadamente 4 milhões de pessoas em movimento, das quais 3 milhões nos seus transportes particulares. Com a evolução crescente dos transportes privados, regista-se um aumento dos congestionamentos nos acessos à cidade e uma crescente dificuldade em gerir todo este afluxo de trânsito. Em Lisboa existem duas grandes empresas de transporte público, que ajudam de forma decisiva nas deslocações dentro da cidade. São elas o Metropolitano de Lisboa e a Carris. A Ana e o João vão utilizar os transportes públicos. Querem ir para o Cais do Sodré de Metro, porque é mais rápido e é uma maneira diferente de conhecer a cidade... (Infelizmente essa transcrição da conversa entre a Ana e o João não é exacta.) Ana: – Ora bem, João, nós queremos ir para o Cais do Sodré, não é? Ora o Cais do Sodré fica na linha verde, de acordo com esta planta. Em que linha é que estamos agora? João: – Deixa ver... estamos na linha amarela...a linha girassol. Bem, vamos ter de mudar de linha em algum sítio. Ana: – Nem queiras saber, vamos ter de mudar de linha duas vezes. João: – Tens a certeza? Não há um percurso mais directo, Ana? Ana: – Haver, há, mas a volta é muito longa. Vê lá se não tenho razão: implica andar para trás até ao Campo Grande e percorrer, praticamente, toda a linha verde. A outra hipótese é ir até ao Marquês de Pombal, são só três estações, mudar para a linha azul até à Baixa/Chiado e, depois, passar para a linha verde. O Cais do Sodré é logo a seguir. João: – Estamos longe! Espero que a gente não se perca. Ana: – Lá estás tu a ser agoirento! Não te preocupes, que deve haver indicações claras. Se não houver, perguntamos a alguém. Quem tem boca, vai a Roma. João: – Ah, isso perguntas tu! Ana: – Podes ficar descansado. Olha, vamos ali à bilheteira perguntar à funcionária. Ana: – Bom dia. Nós queríamos ir para o Cais do Sodré. Temos de mudar de linha duas vezes, não é? Funcionária: – Sim, é a melhor opção. Ana: – Nós não temos nenhuma planta do Metro. Importa-se de nos dar uma? Funcionária: – Até dou duas: uma para cada um! O percurso é mais simples do que parece. Se, por acaso, se perderem, podem pedir ajuda um colega meu. João: – E que tipo de bilhete é que nos aconselha? Funcionária: – Depende. Se vão andar muito de Metro, talvez seja melhor um bilhete de dez viagens. Se vão também andar de autocarro, podem optar por bilhetes combinados ou pelo passe. O que é que preferem? Ana: – O que é que achas, João? João: – Para já, dê-nos dois bilhetes e, depois, logo vemos. … João: – Obrigado. 2 Ana: – Vamos andando. Este programa reporta-se às acções da Ana e do João, quando se preparam para apanhar um meio de transporte, neste caso o Metropolitano de Lisboa. Faremos referência a formas de expressar dúvida e desejo/expectativa. Abordaremos, ainda, aspectos relacionados com o verbo haver e com o uso de determinados registos de língua. Vamos, então, prestar atenção aos excertos que se seguem: 1. EXPRESSAR DÚVIDA “Tens a certeza? Não há um percurso mais directo, Ana?” O João e a Ana encontram-se numa estação de metro e tentam delinear o melhor percurso a seguir para atingirem o seu destino. No excerto que vimos, o João duvida que a leitura que a Ana fez do mapa da rede do metro seja a correcta. Por outras palavras, o João expressa dúvida em relação à acção da Ana. Poderia tê-lo feito de outras maneiras; observem, agora, os exemplos que se seguem (só o primeiro faz parte do diálogo): EXPRESSAR DÚVIDA 1. “Tens a certeza? Não há um percurso mais directo, Ana?” (Não+presente do indicativo – frase interrogativa) 2. “Se calhar há um percurso mais directo, Ana?” (se calhar+indicativo) 3 3. “Possivelmente há um percurso mais directo.” (possivelmente+indicativo) 4. “Não haverá um percurso mais directo?” (não+futuro do indicativo – frase interrogativa) 5. “Talvez haja um percurso mais directo.” (talvez+conjuntivo) As primeiras três frases recorrem ao presente do indicativo e são estruturas muito comuns em português. Convém realçar que a expressão se calhar ocorre tendencialmente em contextos informais. A quarta frase apresenta o futuro do indicativo, facto que lhe confere um cariz mais formal. Por fim, o quinto exemplo recorre a outro vocábulo muito comum na língua portuguesa, talvez. Este advérbio tem a particularidade de ser seguido por uma forma verbal conjugada no modo conjuntivo, neste caso o presente do conjuntivo. 1.1. VERBO HAVER Há uma forma verbal que, embora não esteja directamente relacionada com a expressão de dúvida, ocorre em todos os exemplos que tiveram oportunidade de ver. Já sabem qual é? Exacto, o verbo haver, conjugado no presente do indicativo (no caso de há), no futuro do indicativo (no caso de haverá) e no presente do conjuntivo (no caso de haja). Uma vez chegados a este ponto, há que fazer alusão a características específicas deste verbo: 1.1.1. O verbo haver pode ser sinónimo de existir, tal como se verifica no excerto retirado do diálogo: 4 “Tens a certeza? Não há um percurso mais directo, Ana?” “Tens a certeza? Não existe um percurso mais directo, Ana?” Nestas fases, há significa o mesmo que existe. Passemos, agora, as mesmas frases para o plural: “Tens a certeza? Não há percursos mais directos, Ana?” “Tens a certeza? Não existem percursos mais directos, Ana?” Tal como se pode constatar ao analisarmos estas frases, o verbo haver, quando significa o mesmo que existir, embora se use em todos os tempos gramaticais, apenas se utiliza na terceira pessoa do singular (é aqui o caso de há). 1.1.2. No presente do indicativo, o verbo haver, seguido da preposição de (haver de), liga-se-lhe por um hífen nas formas monossilábicas, isto é, só com uma sílaba. É o que podemos observar nas frases que se seguem e que não fazem parte do diálogo: PRESENTE DO INDICATIVO DAS FORMAS MONOSSILÁBICAS DO VERBO HAVER+HÍFEN+DE Eu hei-de encontrar o percurso mais directo Tu hás-de encontrar o percurso mais directo Ele/ela há-de encontrar o percurso mais directo A Ana e o João (eles) hão-de encontrar o percurso mais directo 5 O mesmo não se passa quando a preposição de é antecedida por uma forma com mais de uma sílaba do verbo haver, ora vejam: PRESENTE DO INDICATIVO DAS FORMAS COM MAIS DE UMA SÍLABA DO VERBO HAVER +DE Nós havemos de encontrar o percurso mais directo Vós haveis de encontrar o percurso mais directo Antes de continuarmos, deixem-me dizer-vos que a segunda pessoa do plural do verbo haver (haveis de) tem uma ocorrência extremamente rara, sendo substituída no uso pela forma da terceira pessoa do plural – hão-de. 1.1.3. Ainda no âmbito do excerto que estamos a tratar, gostaríamos de chamar a vossa atenção para a grafia da forma flexionada há. Existem mais vocábulos na língua portuguesa que se pronunciam da mesma maneira, mas que se escrevem de maneira diferente e que não veiculam o mesmo significado. Conseguem lembrar-se de exemplos? Vejamos estes outros excertos do diálogo: 1.“Ah, isso perguntas tu!” 2.“Olha, vamos ali à bilheteira.” Ah (interjeição) à (contracção da preposição a + o artigo definido feminino singular a) pronunciam--se da mesma maneira que há, mas possuem significados diferentes. 6 Na primeira frase, Ah é uma interjeição. Reparem na sua grafia, o h encontra-se em posição final e a palavra não tem qualquer acento gráfico. Na segunda frase, à corresponde à contracção da preposição a + o artigo definido feminino singular a. O acento gráfico desta palavra é um acento grave, ao contrário da forma verbal há que tem um acento agudo. 2. EXPRESSAR DESEJO/EXPECTATIVA “Espero que a gente não se perca.” O João e a Ana estão prestes a iniciar a sua viagem de metro. Todavia, o João continua a mostrar algum receio e dá voz ao seu desejo/à sua expectativa de não se perderem. Reparem como o faz: “Espero que a gente não se perca.” Espero que… + presente do conjuntivo do verbo perder Estamos perante uma atitude e um sentimento do João, quando este se mostra expectante em relação à hipótese de se perderem no metropolitano. Nesta situação, faz uso do verbo esperar seguido da conjunção que e do modo conjuntivo, neste caso do presente do conjuntivo. Poderia ter optado por frases diferentes, para atingir a mesma finalidade comunicativa: 7 EXPRESSAR DESEJO/EXPECTATIVA 1. “Vamos lá a ver se a gente não se perde.” Vamos lá a ver… + presente do indicativo do verbo perder 2. “Faço votos para que a gente não se perca.” Faço votos para que… + presente do conjuntivo do verbo perder 3. “Oxalá a gente não se perca.” Oxalá… + presente do conjuntivo do verbo perder A primeira frase inclui o verbo perder conjugado no presente do indicativo. As frases número dois e três empregam o verbo perder, conjugado no presente do conjuntivo. No caso do diálogo entre a Ana e o João, que são duas pessoas da mesma idade e da mesma família, que se conhecem há muito tempo, deparamos com um registo bastante informal. Daí a utilização da expressão a gente. Esta expressão (que corresponde à 3ª pessoa do singular) poderia ser substituída por uma outra, se o contexto assim o exigisse. A ocorrência mais formal da mesma frase seria: “Espero que (nós) não nos percamos.” O pronome pessoal nós pode não aparecer. É, contudo, recuperável, devido à conjugação do verbo que se lhe segue: percamos. Observem: “Espero que a gente não se perca.” “Espero que (nós) não nos percamos.” 8 Continuemos o programa de hoje com algumas breves referências lexicais relacionadas com a temática dos transportes: LÉXICO Andar de metro / autocarro/ táxi / comboio /eléctrico ir de metro / autocarro/ táxi / comboio /eléctrico apanhar um meio de transporte = tomar um meio de transporte a paragem do autocarro ou do eléctrico a bilheteira, local onde se adquirem os bilhetes Vamos terminar com uma expressão idiomática. “Quem tem boca vai a Roma” Certamente já terão ouvido esta expressão. Vamos passar a explicá-la. Pela notoriedade da cidade, pela sua importância ao longo dos tempos, Roma entrou no imaginário europeu. Daí terem resultado expressões como esta. “Quem tem boca vai a Roma” traduz o peso histórico da Cidade Eterna, tanto como sede do Império Romano, quanto como cidade onde se situa o Vaticano, local de residência do chefe máximo da Igreja Católica. Refere-se ao facto de que quem sabe perguntar, chega onde quiser ir. Prossigamos, agora, com uma, necessariamente breve, apresentação do sistema de transportes públicos da cidade de Lisboa.

Learn languages from TV shows, movies, news, articles and more! Try LingQ for FREE

PROGRAMA 2
TRANSPORTES URBANOS
A cidade de Lisboa é o centro de uma vasta área metropolitana, com mais de 2 milhões de habitantes e com mais de 3 mil quilómetros quadrados, abrangendo os concelhos das duas margens do rio Tejo. Só a área urbana ocupa cerca de 84 quilómetros quadrados, aproximadamente, e tem à volta de 500 mil habitantes.
É, por isso, fácil de compreender o movimento diário de deslocações entre a periferia e a cidade e dentro da cidade: são aproximadamente 4 milhões de pessoas em movimento, das quais 3 milhões nos seus transportes particulares. Com a evolução crescente dos transportes privados, regista-se um aumento dos congestionamentos nos acessos à cidade e uma crescente dificuldade em gerir todo este afluxo de trânsito.
Em Lisboa existem duas grandes empresas de transporte público, que ajudam de forma decisiva nas deslocações dentro da cidade. São elas o Metropolitano de Lisboa e a Carris.
A Ana e o João vão utilizar os transportes públicos. Querem ir para o Cais do Sodré de Metro, porque é mais rápido e é uma maneira diferente de conhecer a cidade...

(Infelizmente essa transcrição da conversa entre a Ana e o João não é exacta.)

Ana: – Ora bem, João, nós queremos ir para o Cais do Sodré, não é? Ora o Cais do Sodré fica na linha verde, de acordo com esta planta. Em que linha é que estamos agora?
João: – Deixa ver... estamos na linha amarela...a linha girassol. Bem, vamos ter de mudar de linha em algum sítio.
Ana: – Nem queiras saber, vamos ter de mudar de linha duas vezes.
João: – Tens a certeza? Não há um percurso mais directo, Ana?
Ana: – Haver, há, mas a volta é muito longa. Vê lá se não tenho razão: implica andar para trás até ao Campo Grande e percorrer, praticamente, toda a linha verde. A outra hipótese é ir até ao Marquês de Pombal, são só três estações, mudar para a linha azul até à Baixa/Chiado e, depois, passar para a linha verde. O Cais do Sodré é logo a seguir.
João: – Estamos longe! Espero que a gente não se perca.
Ana: – Lá estás tu a ser agoirento! Não te preocupes, que deve haver indicações claras. Se não houver, perguntamos a alguém. Quem tem boca, vai a Roma.
João: – Ah, isso perguntas tu!
Ana: – Podes ficar descansado. Olha, vamos ali à bilheteira perguntar à funcionária.
Ana: – Bom dia. Nós queríamos ir para o Cais do Sodré. Temos de mudar de linha duas vezes, não é?
Funcionária: – Sim, é a melhor opção.
Ana: – Nós não temos nenhuma planta do Metro. Importa-se de nos dar uma?
Funcionária: – Até dou duas: uma para cada um! O percurso é mais simples do que parece. Se, por acaso, se perderem, podem pedir ajuda um colega meu.
João: – E que tipo de bilhete é que nos aconselha?
Funcionária: – Depende. Se vão andar muito de Metro, talvez seja melhor um bilhete de dez viagens. Se vão também andar de autocarro, podem optar por bilhetes combinados ou pelo passe. O que é que preferem?
Ana: – O que é que achas, João?
João: – Para já, dê-nos dois bilhetes e, depois, logo vemos.

João: – Obrigado.
2
Ana: – Vamos andando.
Este programa reporta-se às acções da Ana e do João, quando se preparam para apanhar um meio de transporte, neste caso o Metropolitano de Lisboa. Faremos referência a formas de expressar dúvida e desejo/expectativa. Abordaremos, ainda, aspectos relacionados com o verbo haver e com o uso de determinados registos de língua. Vamos, então, prestar atenção aos excertos que se seguem:
1. EXPRESSAR DÚVIDA
“Tens a certeza? Não há um percurso mais directo, Ana?”
O João e a Ana encontram-se numa estação de metro e tentam delinear o melhor percurso a seguir para atingirem o seu destino. No excerto que vimos, o João duvida que a leitura que a Ana fez do mapa da rede do metro seja a correcta. Por outras palavras, o João expressa dúvida em relação à acção da Ana. Poderia tê-lo feito de outras maneiras; observem, agora, os exemplos que se seguem (só o primeiro faz parte do diálogo):
EXPRESSAR DÚVIDA
1. “Tens a certeza? Não há um percurso mais directo, Ana?”
(Não+presente do indicativo – frase interrogativa)
2. “Se calhar há um percurso mais directo, Ana?”
(se calhar+indicativo)
3
3. “Possivelmente há um percurso mais directo.”
(possivelmente+indicativo)
4. “Não haverá um percurso mais directo?”
(não+futuro do indicativo – frase interrogativa)
5. “Talvez haja um percurso mais directo.”
(talvez+conjuntivo)
As primeiras três frases recorrem ao presente do indicativo e são estruturas muito comuns em português. Convém realçar que a expressão se calhar ocorre tendencialmente em contextos informais. A quarta frase apresenta o futuro do indicativo, facto que lhe confere um cariz mais formal. Por fim, o quinto exemplo recorre a outro vocábulo muito comum na língua portuguesa, talvez. Este advérbio tem a particularidade de ser seguido por uma forma verbal conjugada no modo conjuntivo, neste caso o presente do conjuntivo.
1.1. VERBO HAVER
Há uma forma verbal que, embora não esteja directamente relacionada com a expressão de dúvida, ocorre em todos os exemplos que tiveram oportunidade de ver. Já sabem qual é? Exacto, o verbo haver, conjugado no presente do indicativo (no caso de há), no futuro do indicativo (no caso de haverá) e no presente do conjuntivo (no caso de haja). Uma vez chegados a este ponto, há que fazer alusão a características específicas deste verbo:
1.1.1. O verbo haver pode ser sinónimo de existir, tal como se verifica no excerto retirado do diálogo:
4
“Tens a certeza? Não há um percurso mais directo, Ana?”
“Tens a certeza? Não existe um percurso mais directo, Ana?”
Nestas fases, há significa o mesmo que existe. Passemos, agora, as mesmas frases para o plural:
“Tens a certeza? Não há percursos mais directos, Ana?”
“Tens a certeza? Não existem percursos mais directos, Ana?”
Tal como se pode constatar ao analisarmos estas frases, o verbo haver, quando significa o mesmo que existir, embora se use em todos os tempos gramaticais, apenas se utiliza na terceira pessoa do singular (é aqui o caso de há).
1.1.2. No presente do indicativo, o verbo haver, seguido da preposição de (haver de), liga-se-lhe por um hífen nas formas monossilábicas, isto é, só com uma sílaba. É o que podemos observar nas frases que se seguem e que não fazem parte do diálogo:
PRESENTE DO INDICATIVO DAS FORMAS MONOSSILÁBICAS DO VERBO HAVER+HÍFEN+DE
Eu hei-de encontrar o percurso mais directo
Tu hás-de encontrar o percurso mais directo
Ele/ela há-de encontrar o percurso mais directo
A Ana e o João (eles) hão-de encontrar o percurso mais directo
5
O mesmo não se passa quando a preposição de é antecedida por uma forma com mais de uma sílaba do verbo haver, ora vejam:
PRESENTE DO INDICATIVO DAS FORMAS COM MAIS DE UMA SÍLABA DO VERBO HAVER +DE
Nós havemos de encontrar o percurso mais directo
Vós haveis de encontrar o percurso mais directo
Antes de continuarmos, deixem-me dizer-vos que a segunda pessoa do plural do verbo haver (haveis de) tem uma ocorrência extremamente rara, sendo substituída no uso pela forma da terceira pessoa do plural – hão-de.
1.1.3. Ainda no âmbito do excerto que estamos a tratar, gostaríamos de chamar a vossa atenção para a grafia da forma flexionada há. Existem mais vocábulos na língua portuguesa que se pronunciam da mesma maneira, mas que se escrevem de maneira diferente e que não veiculam o mesmo significado. Conseguem lembrar-se de exemplos? Vejamos estes outros excertos do diálogo:
1.“Ah, isso perguntas tu!”
2.“Olha, vamos ali à bilheteira.”
Ah (interjeição)
à (contracção da preposição a + o artigo definido feminino singular a) pronunciam--se da mesma maneira que há, mas possuem significados diferentes. 6
Na primeira frase, Ah é uma interjeição. Reparem na sua grafia, o h encontra-se em posição final e a palavra não tem qualquer acento gráfico. Na segunda frase, à corresponde à contracção da preposição a + o artigo definido feminino singular a. O acento gráfico desta palavra é um acento grave, ao contrário da forma verbal há que tem um acento agudo.
2. EXPRESSAR DESEJO/EXPECTATIVA
“Espero que a gente não se perca.”
O João e a Ana estão prestes a iniciar a sua viagem de metro. Todavia, o João continua a mostrar algum receio e dá voz ao seu desejo/à sua expectativa de não se perderem. Reparem como o faz:
“Espero que a gente não se perca.”
Espero que… + presente do conjuntivo do verbo perder
Estamos perante uma atitude e um sentimento do João, quando este se mostra expectante em relação à hipótese de se perderem no metropolitano. Nesta situação, faz uso do verbo esperar seguido da conjunção que e do modo conjuntivo, neste caso do presente do conjuntivo. Poderia ter optado por frases diferentes, para atingir a mesma finalidade comunicativa:
7
EXPRESSAR DESEJO/EXPECTATIVA
1. “Vamos lá a ver se a gente não se perde.”
Vamos lá a ver… + presente do indicativo do verbo perder
2. “Faço votos para que a gente não se perca.”
Faço votos para que… + presente do conjuntivo do verbo perder
3. “Oxalá a gente não se perca.”
Oxalá… + presente do conjuntivo do verbo perder
A primeira frase inclui o verbo perder conjugado no presente do indicativo. As frases número dois e três empregam o verbo perder, conjugado no presente do conjuntivo.
No caso do diálogo entre a Ana e o João, que são duas pessoas da mesma idade e da mesma família, que se conhecem há muito tempo, deparamos com um registo bastante informal. Daí a utilização da expressão a gente. Esta expressão (que corresponde à 3ª pessoa do singular) poderia ser substituída por uma outra, se o contexto assim o exigisse. A ocorrência mais formal da mesma frase seria: “Espero que (nós) não nos percamos.” O pronome pessoal nós pode não aparecer. É, contudo, recuperável, devido à conjugação do verbo que se lhe segue: percamos. Observem:
“Espero que a gente não se perca.”
“Espero que (nós) não nos percamos.”
8
Continuemos o programa de hoje com algumas breves referências lexicais relacionadas com a temática dos transportes:
LÉXICO
Andar de metro / autocarro/ táxi / comboio /eléctrico
ir de metro / autocarro/ táxi / comboio /eléctrico
apanhar um meio de transporte = tomar um meio de transporte
a paragem do autocarro ou do eléctrico
a bilheteira, local onde se adquirem os bilhetes
Vamos terminar com uma expressão idiomática.
“Quem tem boca vai a Roma”
Certamente já terão ouvido esta expressão. Vamos passar a explicá-la. Pela notoriedade da cidade, pela sua importância ao longo dos tempos, Roma entrou no imaginário europeu. Daí terem resultado expressões como esta. “Quem tem boca vai a Roma” traduz o peso histórico da Cidade Eterna, tanto como sede do Império Romano, quanto como cidade onde se situa o Vaticano, local de residência do chefe máximo da Igreja Católica. Refere-se ao facto de que quem sabe perguntar, chega onde quiser ir.
Prossigamos, agora, com uma, necessariamente breve, apresentação do sistema de transportes públicos da cidade de Lisboa.