Episódio 001 - Um pouco de mim e sotaques brasileiros
Olá a todos, meu nome é Ana Paula e hoje é dia 8 de novembro de 2007. Este é o primeiro episódio oficial desse "quase" podcast, depois do primeiro teste. Para quem não sabe, a idéia aqui é bem simples: gerar algum conteúdo em português para estudantes do LingQ. Eu dizia 'quase' podcast porque - pelo menos por enquanto - o único lugar onde eu estou disponibilizando esse material é no LinQ. Eu estou com muitas idéias a respeito de formatos e conteúdos para esse podcast. Está sendo bem interessante porque estou descobrindo blogs e podcasts brasileiros bem legais. O problema é que ultimamente eu ando com mais idéias do que tempo para executá-las. Então os próximos episódios dverão ser uma verdadeira miscelânea de estilos e assuntos, porque na verdade eu ainda estou buscando uma forma mais definida. A idéia é experimentar mesmo, ver com o que é que eu me sinto mais confortável e até pegar opiniões de eventuais ouvintes. Bem, na verdade, o único ouvinte declarado do meu episódio de teste foi o próprio Steve. Mas isso não me desanimou não, muito pelo contrário, me rendeu uma conversa bem legal pelo skype com ele. Foi um papo simples, basicamente sobre o uso do LingQ, eu estava me sentindo meio tensa, meio 'travada', mas foi uma experiência bacana. O Steve é um cara muito, muito simpático, um tremendo 'boa-praça'. Mas eu tinha planejado falar de outras coisas hoje. Não sei se já deu para perceber, mas dessa vez eu resolvi fazer o texto antes e ler, porque eu já percebi que não vou ter paciência para transcrever depois. Fica muito mais fácil assim. Uma coisa é escrever enquanto se pensa no texto, outra coisa é datilografia pura e simples. Hoje eu planejei falar um pouco de mim e um pouco sobre sotaques. Então vamos lá: eu tenho 36 anos, sou casada e tenho dois filhos gêmeos de 5 anos. Sou professora universitária, mas no momento estou licenciada para fazer o meu doutorado. Minha área é Ciência da Computação, então talvez eventualmente eu fale de algum assunto técnico, mas não tenho a intenção de enveredar muito por essa área não. Atualmente eu moro em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, mas eu nasci no estado do Rio de Janeiro, em uma cidade chamada Teresópolis. Isso quer dizer que eu sou fluminense. Se eu tivesse nascido na 'cidade' do Rio de Janeiro, que é a capital do Estado, eu seria carioca. Na verdade, mesmo entre os brasileiros que não são do Rio, poucos conhecem essa distinção entre fluminenses e cariocas. Mas enfim, o estado é pequeno, não existem grandes variações de sotaque, então eu tenho o famoso sotaque conhecido como carioca. Falando em sotaques, eu acho muito engraçado quando as pessoas falam que querem aprender o sotaque do Brasil. É claro que existe uma distinção razoável entre o nosso português e o de Portugal, mas o Brasil é um país enorme, com muitos sotaques bastante diferentes entre si. Eu já morei em quatro estados do Brasil em diferentes regiões: Rio de Janeiro, no sudeste, Paraná, no sul, Bahia no nordeste e agora Minas Gerais, de volta ao sudeste. A passeio ou a trabalho, já visitei vários outros. Então eu posso assegurar por experiência própria que em termos de sotaques, existe uma diversidade imensa entre as regiões e os estados, e mesmo entre cidades de um mesmo estado. Geralmente os sotaques das capitais são mais próximos do que seria um português padrão, enquanto que os do interior são mais acentuados e marcados por expressões regionais. Eu até tenho curiosidade de saber se isso acontece também em outros países, essa diferença entre capital e interior. Seria legal se alguém comentasse sobre isso no fórum do LingQ. No fundo, quando eu penso em um português padrão do Brasil, eu penso no português que é falado no Jornal Nacional. Para quem não sabe, o Jornal Nacional é o telejornal mais famoso e assistido do país. Ele usa uma espécie de sotaque da região sudeste passado por uma certa 'pasteurização'. Mas eu creio que é uma boa referência para quem está aprendendo. Voltando ao sotaque carioca, ele é bem característico, marcado principalmente pelo chiado dos 'esses' no final das sílabas. Ou seja, enquanto que o 'padrão' é falar 'sílabas', eu falo sílabas. Outros exemplos seriam 'biscoito' (biscoito) ou 'festa' (festa). Nesse sentido, o sotaque do Rio tem alguma semelhança com o português de Portugal, onde esse chiado também aparece. O sotaque carioca é um sotaque famoso e facilmente reconhecido. Eu saí do Rio há 13 anos, e provavelmente já não tenho um sotaque 'puro', porque a gente acaba incorporando umas manias dos lugares que a gente mora. Mas até hoje quando eu chego em um ambiente novo, na segunda frase que eu falo alguém já me pergunta se eu sou do Rio. Isso não acontece com a maioria dos outros sotaques. No máximo, as pessoas reconhecem a região de origem de quem está falando, mas o estado específico é mais difícil. Para alguém interessado em aprender o português do Brasil, eu acredito que entender o sotaque carioca é importante, porque o Rio apesar de pequeno é uma referência cultural para o país. Mas eu aconselharia a não imitar esse chiado, porque ele soa estranho para quase todo mundo, menos para quem é do Rio, é claro. Até mesmo eu, quando ouço a minha voz gravada, acho meio engraçado o meu sotaque. Acho que é porque estou há muito tempo fora do Rio. Resumo da ópera: quer falar português do Brasil? grave e repita os apresentadores do Jornal Nacional. Ou então as famosas novelas brasileiras. O problema é aguentar o sensasionalismo de um ou o melodrama das outras. Eu mesma não assisto nada disso há muito tempo. Mas nessa questão de sotaques, eu concordo com o Steve, o padrão é o caminho mais seguro. Eu ia achar muito divertido, mas um tanto esquisito, ver um 'gringo' falando com sotaque pernambucano! Bom eu acho que eu já falei bastante por hoje, então deixa eu parar por aqui. Até a próxima.