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Reportagem Especial - o Amor, O cinema mostra algumas das diferentes visões do amor

As maiores bilheterias e os grandes clássicos do cinema são histórias de amor. Desde que o brilho da telona passou a encantar as pessoas, o amor começou a ser retratado de diferentes maneiras. Comédias românticas, grandes paixões ou casamentos infelizes, os sonhos e frustrações humanas viram movimento nas telas e tocam a imaginação do público. A jornalista Karina Barbosa é uma apaixonada por cinema e, em especial, por histórias que falam de amor. Ela resume bem como os filmes atingem os anseios românticos do expectador.

"Às vezes quando eu vou assistir uma comédia romântica em que o sujeito é meio desastrado como eu, em que a moça é uma moça de quase trinta, meio estabanada, meio azarada no amor, eu me identifica com aquela personagem comum, e ao mesmo tempo eu me projeto nela. Se ela consegue um amor romântico tão bonito, por que não eu?

A paixão por cinema de Karina virou tese de mestrado na Universidade de Brasília. Diferentes retratos do amor foram analisados e, o primeiro deles, é claro, é o amor romântico mais essencial. As comédias românticas são a versão moderna dos romances de banca de revista, onde acontecem uma série de dificuldades, mas o final é feliz, sempre. O filme Uma Linda Mulher mostra bem o encantamento do amor romântico. A romance entre o milionário e garota de programa mostra uma situação muito pouco realista, mas quem se importa com o realismo nas aventuras no cinema? Nas comédias românticas, a sensualidade vem antes do sexo e o que fisga o espectador é encantamento. Quem já não saiu suspirando de um romance estrelado pelo ator Hugh Grant?

Pois é, mas e quando as pessoas se dão conta que a vida amorosa delas não é uma comédia romântica? Para o professor da Faculdade de Comunicação da UnB, Gustavo Castro, o modelo de amor apresentado no cinema alimenta o anseio das pessoas de buscarem aventura e felicidade eterna nos relacionamentos.

"Você vende nas novelas, você vende na publicidade, nas propagandas, você vende sobretudo no cinema, é vendido um único modelo de amor romântico: é o casal, geralmente heterossexual, que promete fidelidade um ao outro, que prometem serem felizes para sempre, que prometem um estado de paixão permanente, filhos, casas, apartamentos. Já que o homem não vive tantas outras aventuras cinematográficas, como os super heróis, ele acaba vivendo um modelo de aventura amorosa". Gustavo Castro aponta que o amor tem sido apresentado nos meios de comunicação de uma forma que ele chama de amor de plástico, em que as relações são simplificadas e a convivência almejada é um eterno final feliz. Quando as pessoas querem encontrar na vida real o que vêem no cinema, o resultado óbvio é frustração. O professor destaca a necessidade de se falar sobre educação amorosa, nas famílias e nas escolas.

"Que modelo de amorosa nós estamos dando? Educação sentimental, isso que os poetas do século XIX acharam importantíssimo discutir, que é a educação sentimental. Onde nós aprendemos educação sentimental? Nas ruas, com os amigos, nas novelas, porque isso não é discutido em lugar nenhum, ninguém discute o sentimento. Por isso que nós amamos muito mal, estamos amando muito iludidos pelo cinema, pelas mídias todas". Bom, mas o amor romântico não é a única temática amorosa do cinema. Existem filmes que desmontam a fantasia e mostram exatamente um modelo possível de educação sentimental. Karina Barbosa chama esse tipo de relacionamento de amor confluente.

"Você deixa o encantamento de lado, deixa a fantasia de lado, para conhecer o outro, mas sem querer tomar posse do outro e sem querer desindividualizar o outro. E por incrível que pareça, pode não parecer, mas um exemplo bom é o filme Harry e Sally, feitos um para o outro. É uma relação de amor que se desenvolve ao longo de uma amizade de dez anos, exatamente esse amor construído não na expectativa que você tem do outro, mas do que você conhece do outro e no que você respeito do outro por isso". Karina Barbosa tipificou outro tipo de relacionamento em sua análise. Ela chama de amor líquido aquele amor que aparece nos filmes onde as pessoas tem aquelas relações meio mornas e sem grandes envolvimentos.

"Todo mundo assistiu aquelas comédias românticas com a Meg Ryan e o Tom Hanks, Sintonia de Amor, Mensagem pra Você. E todo mundo lembra que antes da Meg Ryan ficar junto com o Tom Hanks, ela sempre tinha um namorado, mas era sempre um namoro muito frio, muito cético, sem muitas emoções e sem grandes paixões. Esse é o amor líquido, que a gente chama de amor fast food, você entra fácil nele, mas também sai fácil sem se machucar muito". O amor amizade também é muito retratado no cinema. Trata-se de um relação baseada no carinho e no companheirismo, e não tanto na paixão ou no enlevo romântico. O casamento da personagem de Meryl Streep em As Pontes de Madison é um exemplo disso. Mas esse mesmo filme retrata a temática que mais faz sucesso no cinema romântico, que é o amor paixão. Meryl Streep é uma pacata fazendeira que trai o marido quando ele viaja com os filhos. Mas não tem coragem de deixar a família para viver a grande paixão, o tipo de amor é o mais envolvente, o que mais desperta o interesse dos espectadores, mas nos filmes que retratam essas paixões, dificilmente os amantes ficam juntos, como explica Karina Barbosa.

"Com a importância que você tem da instituição da família, do amor romântico em si e das instituições sociais chanceladas, o amor paixão está muito ligado a punição. As grandes histórias de amor do cinema são de amor paixão, ou seja, histórias de infidelidade. A gente tem Titanic, Moulin Rouge, O Paciente Inglês, As Pontes de Madison, são dezenas de filmes, e na maioria deles o casal não fica junto. Ou seja, o casal é punido por amar apaixonadamente, vamos dizer assim. Na maioria dos casos, a punição é a morte". Titanic é a maior bilheteria do cinema. A paixão avassaladora do casal que desafia as regras sociais conquistou 11 Oscars e faturou mais de um bilhão de dólares apenas com bilheteria.

E você, qual o seu filme de amor favorito?

De Brasília, Daniele Lessa

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As maiores bilheterias e os grandes clássicos do cinema são histórias de amor. Desde que o brilho da telona passou a encantar as pessoas, o amor começou a ser retratado de diferentes maneiras. Comédias românticas, grandes paixões ou casamentos infelizes, os sonhos e frustrações humanas viram movimento nas telas e tocam a imaginação do público. A jornalista Karina Barbosa é uma apaixonada por cinema e, em especial, por histórias que falam de amor. Ela resume bem como os filmes atingem os anseios românticos do expectador.

"Às vezes quando eu vou assistir uma comédia romântica em que o sujeito é meio desastrado como eu, em que a moça é uma moça de quase trinta, meio estabanada, meio azarada no amor, eu me identifica com aquela personagem comum, e ao mesmo tempo eu me projeto nela. Se ela consegue um amor romântico tão bonito, por que não eu?

A paixão por cinema de Karina virou tese de mestrado na Universidade de Brasília. Diferentes retratos do amor foram analisados e, o primeiro deles, é claro, é o amor romântico mais essencial. As comédias românticas são a versão moderna dos romances de banca de revista, onde acontecem uma série de dificuldades, mas o final é feliz, sempre. O filme Uma Linda Mulher mostra bem o encantamento do amor romântico. A romance entre o milionário e garota de programa mostra uma situação muito pouco realista, mas quem se importa com o realismo nas aventuras no cinema? Nas comédias românticas, a sensualidade vem antes do sexo e o que fisga o espectador é encantamento. Quem já não saiu suspirando de um romance estrelado pelo ator Hugh Grant?

Pois é, mas e quando as pessoas se dão conta que a vida amorosa delas não é uma comédia romântica? Para o professor da Faculdade de Comunicação da UnB, Gustavo Castro, o modelo de amor apresentado no cinema alimenta o anseio das pessoas de buscarem aventura e felicidade eterna nos relacionamentos.

"Você vende nas novelas, você vende na publicidade, nas propagandas, você vende sobretudo no cinema, é vendido um único modelo de amor romântico: é o casal, geralmente heterossexual, que promete fidelidade um ao outro, que prometem serem felizes para sempre, que prometem um estado de paixão permanente, filhos, casas, apartamentos. Já que o homem não vive tantas outras aventuras cinematográficas, como os super heróis, ele acaba vivendo um modelo de aventura amorosa".

Gustavo Castro aponta que o amor tem sido apresentado nos meios de comunicação de uma forma que ele chama de amor de plástico, em que as relações são simplificadas e a convivência almejada é um eterno final feliz. Quando as pessoas querem encontrar na vida real o que vêem no cinema, o resultado óbvio é frustração. O professor destaca a necessidade de se falar sobre educação amorosa, nas famílias e nas escolas.

"Que modelo de amorosa nós estamos dando? Educação sentimental, isso que os poetas do século XIX acharam importantíssimo discutir, que é a educação sentimental. Onde nós aprendemos educação sentimental? Nas ruas, com os amigos, nas novelas, porque isso não é discutido em lugar nenhum, ninguém discute o sentimento. Por isso que nós amamos muito mal, estamos amando muito iludidos pelo cinema, pelas mídias todas".

Bom, mas o amor romântico não é a única temática amorosa do cinema. Existem filmes que desmontam a fantasia e mostram exatamente um modelo possível de educação sentimental. Karina Barbosa chama esse tipo de relacionamento de amor confluente.

"Você deixa o encantamento de lado, deixa a fantasia de lado, para conhecer o outro, mas sem querer tomar posse do outro e sem querer desindividualizar o outro. E por incrível que pareça, pode não parecer, mas um exemplo bom é o filme Harry e Sally, feitos um para o outro. É uma relação de amor que se desenvolve ao longo de uma amizade de dez anos, exatamente esse amor construído não na expectativa que você tem do outro, mas do que você conhece do outro e no que você respeito do outro por isso".

Karina Barbosa tipificou outro tipo de relacionamento em sua análise. Ela chama de amor líquido aquele amor que aparece nos filmes onde as pessoas tem aquelas relações meio mornas e sem grandes envolvimentos.

"Todo mundo assistiu aquelas comédias românticas com a Meg Ryan e o Tom Hanks, Sintonia de Amor, Mensagem pra Você. E todo mundo lembra que antes da Meg Ryan ficar junto com o Tom Hanks, ela sempre tinha um namorado, mas era sempre um namoro muito frio, muito cético, sem muitas emoções e sem grandes paixões. Esse é o amor líquido, que a gente chama de amor fast food, você entra fácil nele, mas também sai fácil sem se machucar muito".

O amor amizade também é muito retratado no cinema. Trata-se de um relação baseada no carinho e no companheirismo, e não tanto na paixão ou no enlevo romântico. O casamento da personagem de Meryl Streep em As Pontes de Madison é um exemplo disso. Mas esse mesmo filme retrata a temática que mais faz sucesso no cinema romântico, que é o amor paixão. Meryl Streep é uma pacata fazendeira que trai o marido quando ele viaja com os filhos. Mas não tem coragem de deixar a família para viver a grande paixão, o tipo de amor é o mais envolvente, o que mais desperta o interesse dos espectadores, mas nos filmes que retratam essas paixões, dificilmente os amantes ficam juntos, como explica Karina Barbosa.

"Com a importância que você tem da instituição da família, do amor romântico em si e das instituições sociais chanceladas, o amor paixão está muito ligado a punição. As grandes histórias de amor do cinema são de amor paixão, ou seja, histórias de infidelidade. A gente tem Titanic, Moulin Rouge, O Paciente Inglês, As Pontes de Madison, são dezenas de filmes, e na maioria deles o casal não fica junto. Ou seja, o casal é punido por amar apaixonadamente, vamos dizer assim. Na maioria dos casos, a punição é a morte".

Titanic é a maior bilheteria do cinema. A paixão avassaladora do casal que desafia as regras sociais conquistou 11 Oscars e faturou mais de um bilhão de dólares apenas com bilheteria.

E você, qual o seu filme de amor favorito?

De Brasília, Daniele Lessa