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Reportagem Especial - A crise, Crise mundial leva impactos graves à vida do trabalhador

Até o final do ano passado, o mecânico estrutural Emerson Nogueira confiava plenamente na empresa em que trabalhava, a Embraer. Emerson, no início de 2007, havia largado um bom emprego para ser contratado pela Embraer, uma empresa grande, com mais de 23 mil empregados, que sempre fazia questão de mostrar a esses empregados os benefícios de trabalhar ali. Emerson disse que os eles tinham muita confiança na empresa, e que no final do ano ano passado houve uma festa para comemorar recorde de vendas, entregas e lucros. Na ocasião, os trabalhadores foram parabenizados por superar as expectativas. Na volta do recesso de fim de ano, começaram os rumores de demissão, mas Emerson conta que a empresa sempre negou. No início de fevereiro, Emerson se tornou um dos 4.270 empregados demitidos da Embraer.

"Foi sempre o que foi passado para a gente: 'aqui é uma grande empresa, vocês vão fazer um grande futuro aqui dentro, nós somos uma grande família, a Embraer preserva muito seus funcionários. Trabalhando e estudando, aqui é um grande lugar para o crescimento profissional. Sem qualquer aviso, fomos surpreendidos com o aviso da demissão, da forma mais brutal possível, chamou todo mundo numa sala, foi chamando por nomes e entregando a carta de demissão, mandando se retirar." O professor Jorge Pinho, do Departamento de Administração da UnB, especialista em mercado de trabalho, diz que, em momentos de crise financeira, a primeira saída encontrada pelos empresários é demitir.

"Quando a empresa sente que há um risco, que ela está entrando no vermelho, a primeira providência, a mais fácil, a mais simples, é mandar embora. Porque o resultado é imediato, a nível de contenção de despesas. Mais simples e mais rápido, embora seja o pior de todos para a economia de uma maneira geral... Quem perde emprego não tem dinheiro para comprar, daí se o cara está vendendo pouco, vai vender nada." De acordo com a Organização Internacional do Trabalho - OIT, a crise econômica global pode gerar até 50 milhões de novos desempregados no mundo em 2009. No ano passado, os dados preliminares apontam que a taxa global de desemprego atingiu 6%. Em 2009, a previsão da OIT é que atinja 7,1%. A especialista de emprego na OIT, Janine Berg, diz que o Brasil não está sendo tão afetado como os outros países, em termos de emprego. Ela cita Estados Unidos e Europa como lugares onde o desemprego está muito maior do que no Brasil, o que não significa que o Brasil esteja imune à crise. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Dilson Santos, observa que as demissões atingem grande número de trabalhadores, fato que só foi observado uma vez, em 1990. Ele contabiliza as perdas.

"Mas depois de 90, é a primeira vez que nós estamos vendo um número muito grande de trabalhadores sendo demitidos... Foram as 4.200 demissões na Embraer, mais nas regiões que a gente tem aqui, que é Caçapava, Jacareí e Chácara Unida, já ultrapassa mil demissões. Na General Motors, tinham acontecido 802 demissões de uma vez." Dilson Santos revela que o clima entre os trabalhadores está muito ruim, com muita apreensão.

"O que eles viram no ano passado é que as empresas lucraram muito, o próprio governo tinha falado para os trabalhadores que não era uma crise tão grande, que o pessoal poderia gastar, gastaram, e agora estão vendo uma situação em que o que vai receber de indenização dos que foram demitidos vai ser para pagar conta, e não vê perspectiva nenhuma de emprego nesse período agora de crise." Mas alguns economistas acham que o pior já passou. É o caso da economista-chefe do Banco ING, Zeina Latif. Ela explica que, depois de um ajuste na economia, o mercado de trabalho leva um tempo para reagir, geralmente uns 7 meses. Por isso, muita gente acredita que ainda vão ocorrer mais demissões, devido a essa defasagem. Mas Zeina Latif considera que essa crise mundial mudou essa lógica. A crise, explica Zeina, teve um efeito muito rápido nos últimos três meses de 2008, o que provocou uma reação dos empresários, que começaram a demitir grandes levas de trabalhadores imediatamente. Por isso, Zeina acredita que a maioria das demissões já ocorreu, e agora esse momento está passando.

"Então significa que, se ainda é possível que nós tenhamos demissões, a indústria particularmente, quando a gente observa os dados da indústria, os últimos dados do CAGED mostram que ainda houve demissão, mas elas estão menos generalizadas. Então eu acredito que realmente no que se refere a demissões na economia, o pior momento foi dezembro e janeiro, e daqui para a frente elas tendem a ser mais tênues." Ela acha que o desemprego vai subir, mas não acredita que sejam taxas muito elevadas. Para Zeina Latif, a taxa de desemprego ficará em 8,9%. A taxa média do ano passado foi de 7,9%. De acordo com o Dieese, a taxa de desemprego total da cidade de São Paulo aumentou quase um ponto percentual entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009. Apesar de usual para o período, um aumento desse tamanho foi verificado apenas no início dos anos 90.

De Brasília, Adriana Magalhães.

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Até o final do ano passado, o mecânico estrutural Emerson Nogueira confiava plenamente na empresa em que trabalhava, a Embraer. Emerson, no início de 2007, havia largado um bom emprego para ser contratado pela Embraer, uma empresa grande, com mais de 23 mil empregados, que sempre fazia questão de mostrar a esses empregados os benefícios de trabalhar ali. Emerson disse que os eles tinham muita confiança na empresa, e que no final do ano ano passado houve uma festa para comemorar recorde de vendas, entregas e lucros. Na ocasião, os trabalhadores foram parabenizados por superar as expectativas. Na volta do recesso de fim de ano, começaram os rumores de demissão, mas Emerson conta que a empresa sempre negou. No início de fevereiro, Emerson se tornou um dos 4.270 empregados demitidos da Embraer.

"Foi sempre o que foi passado para a gente: 'aqui é uma grande empresa, vocês vão fazer um grande futuro aqui dentro, nós somos uma grande família, a Embraer preserva muito seus funcionários. Trabalhando e estudando, aqui é um grande lugar para o crescimento profissional. Sem qualquer aviso, fomos surpreendidos com o aviso da demissão, da forma mais brutal possível, chamou todo mundo numa sala, foi chamando por nomes e entregando a carta de demissão, mandando se retirar."


O professor Jorge Pinho, do Departamento de Administração da UnB, especialista em mercado de trabalho, diz que, em momentos de crise financeira, a primeira saída encontrada pelos empresários é demitir.

"Quando a empresa sente que há um risco, que ela está entrando no vermelho, a primeira providência, a mais fácil, a mais simples, é mandar embora. Porque o resultado é imediato, a nível de contenção de despesas. Mais simples e mais rápido, embora seja o pior de todos para a economia de uma maneira geral... Quem perde emprego não tem dinheiro para comprar, daí se o cara está vendendo pouco, vai vender nada."

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho - OIT, a crise econômica global pode gerar até 50 milhões de novos desempregados no mundo em 2009. No ano passado, os dados preliminares apontam que a taxa global de desemprego atingiu 6%. Em 2009, a previsão da OIT é que atinja 7,1%. A especialista de emprego na OIT, Janine Berg, diz que o Brasil não está sendo tão afetado como os outros países, em termos de emprego. Ela cita Estados Unidos e Europa como lugares onde o desemprego está muito maior do que no Brasil, o que não significa que o Brasil esteja imune à crise. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Dilson Santos, observa que as demissões atingem grande número de trabalhadores, fato que só foi observado uma vez, em 1990. Ele contabiliza as perdas.

"Mas depois de 90, é a primeira vez que nós estamos vendo um número muito grande de trabalhadores sendo demitidos... Foram as 4.200 demissões na Embraer, mais nas regiões que a gente tem aqui, que é Caçapava, Jacareí e Chácara Unida, já ultrapassa mil demissões. Na General Motors, tinham acontecido 802 demissões de uma vez."

Dilson Santos revela que o clima entre os trabalhadores está muito ruim, com muita apreensão.

"O que eles viram no ano passado é que as empresas lucraram muito, o próprio governo tinha falado para os trabalhadores que não era uma crise tão grande, que o pessoal poderia gastar, gastaram, e agora estão vendo uma situação em que o que vai receber de indenização dos que foram demitidos vai ser para pagar conta, e não vê perspectiva nenhuma de emprego nesse período agora de crise."


Mas alguns economistas acham que o pior já passou. É o caso da economista-chefe do Banco ING, Zeina Latif. Ela explica que, depois de um ajuste na economia, o mercado de trabalho leva um tempo para reagir, geralmente uns 7 meses. Por isso, muita gente acredita que ainda vão ocorrer mais demissões, devido a essa defasagem. Mas Zeina Latif considera que essa crise mundial mudou essa lógica. A crise, explica Zeina, teve um efeito muito rápido nos últimos três meses de 2008, o que provocou uma reação dos empresários, que começaram a demitir grandes levas de trabalhadores imediatamente. Por isso, Zeina acredita que a maioria das demissões já ocorreu, e agora esse momento está passando.

"Então significa que, se ainda é possível que nós tenhamos demissões, a indústria particularmente, quando a gente observa os dados da indústria, os últimos dados do CAGED mostram que ainda houve demissão, mas elas estão menos generalizadas. Então eu acredito que realmente no que se refere a demissões na economia, o pior momento foi dezembro e janeiro, e daqui para a frente elas tendem a ser mais tênues."

Ela acha que o desemprego vai subir, mas não acredita que sejam taxas muito elevadas. Para Zeina Latif, a taxa de desemprego ficará em 8,9%. A taxa média do ano passado foi de 7,9%. De acordo com o Dieese, a taxa de desemprego total da cidade de São Paulo aumentou quase um ponto percentual entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009. Apesar de usual para o período, um aumento desse tamanho foi verificado apenas no início dos anos 90.

De Brasília, Adriana Magalhães.