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O Martinho da Arcada situa-se na Praça do Comércio, sob as suas elegantes arcadas neoclássicas. Este café-restaurante foi inaugurado em 1782, no período pombalino, pelo próprio Marquês de Pombal. É um dos mais antigos cafés lisboetas. Junto à entrada, do lado esquerdo, no espaço revestido a azulejos brancos, destaca-se a figura de Fernando Pessoa. O local fazia parte da vida diária deste poeta. Aqui se entregava à inspiração, rabiscando alguns dos seus extraordinários poemas; aqui se refugiava, na companhia de Almada Negreiros e de Mário de Sá Carneiro. Quando este último morreu, Pessoa sente a sua falta. Escreve, saudoso e inconformado: É como se esperasse eternamente A tua vinda certa e combinada Aí em baixo, no Café Arcada Quase no extremo deste continente Três dias antes de morrer, por aqui terá passado uma última vez Fernando Pessoa e tomado um derradeiro café. A Brasileira é outros dos locais emblemáticos da vida do poeta. Aqui reuniam os modernistas portugueses e entre eles, Pessoa e Sá Carneiro. Na esplanada do café, uma estátua em bronze, da autoria de Lagoa Henriques, imortaliza os momentos que Fernando Pessoa aí passou.

Em 1905, quando o espaço abriu, começou por ser um ponto de venda do café proveniente do Brasil. Passou depois a casa de café, com um projecto do arquitecto Norte Júnior. Na fachada, distinguem-se três portas envidraçadas, no cimo das quais existe uma figura masculina a tomar café. Conta-se que neste café terá nascido a expressão, tão lisboeta, “uma bica bem tirada”, quando um empregado pediu ao seu colega um café servido com esmero.

O Café Nicola é também um dos primeiros cafés lisboetas, inaugurado no século XVIII. O poeta Bocage, um dos maiores poetas portugueses do mesmo século, ficará eternamente ligado ao seu nome. Destemido e rebelde, aí levou uma vida de boémio, conspirando contra o despotismo do regime político da altura, defendendo os direitos humanos, analisando os problemas do país. Do espaço original deste café, nada resta. A sua configuração actual, de estilo déco, data dos anos 30 do séc. XX. No entanto, no interior, uma estátua de Bocage lembra a associação eterna entre o poeta e o café.

Em 1921, na Rua de Santa Catarina, no Porto, abre um luxuoso café aristocrático, seguindo a tradição dos elegantes cafés parisienses. Da autoria do arquitecto João Queirós, é inicialmente chamado Elite e é frequentado pela alta burguesia portuense e por figuras célebres portuguesas. São exemplos o aviador Gago Coutinho e a actriz Beatriz Costa.

Passa a chamar-se Majestic em 1922. O seu estilo Arte Nova remete-nos para o Porto dos anos vinte, da “Belle Époque”. A sua grande sala rectangular ostenta tectos de gesso, cuidadosamente decorados. Em ambas as paredes laterais, existem bancos corridos, forrados a cabedal. Os espelhos de cristal de Antuérpia conferem ao local um brilho requintado. Entre os espelhos, erguem-se colunas de capitéis ornamentados.

Por aí passaram nomes da cultura portuguesa como Teixeira Pascoaes, José Régio ou Amadeu Sousa Cardoso. Aí se debateram ideias literárias e artísticas. Presentemente, continua a ser palco de acontecimentos culturais: recitais de piano e de poesia, lançamentos de livros, exposições de pintura. Continua a ser visitado por figuras públicas portuguesas, a par dos turistas e dos clientes habituais, muito diversificados.

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O Martinho da Arcada situa-se na Praça do Comércio, sob as suas elegantes arcadas neoclássicas. Este café-restaurante foi inaugurado em 1782, no período pombalino, pelo próprio Marquês de Pombal. É um dos mais antigos cafés lisboetas.
Junto à entrada, do lado esquerdo, no espaço revestido a azulejos brancos, destaca-se a figura de Fernando Pessoa. O local fazia parte da vida diária deste poeta. Aqui se entregava à inspiração, rabiscando alguns dos seus extraordinários poemas; aqui se refugiava, na companhia de Almada Negreiros e de Mário de Sá Carneiro. Quando este último morreu, Pessoa sente a sua falta. Escreve, saudoso e inconformado:

É como se esperasse eternamente

A tua vinda certa e combinada

Aí em baixo, no Café Arcada

Quase no extremo deste continente

Três dias antes de morrer, por aqui terá passado uma última vez Fernando Pessoa e tomado um derradeiro café.

A Brasileira é outros dos locais emblemáticos da vida do poeta. Aqui reuniam os modernistas portugueses e entre eles, Pessoa e Sá Carneiro. Na esplanada do café, uma estátua em bronze, da autoria de Lagoa Henriques, imortaliza os momentos que Fernando Pessoa aí passou.

Em 1905, quando o espaço abriu, começou por ser um ponto de venda do café proveniente do Brasil. Passou depois a casa de café, com um projecto do arquitecto Norte Júnior. Na fachada, distinguem-se três portas envidraçadas, no cimo das quais existe uma figura masculina a tomar café. Conta-se que neste café terá nascido a expressão, tão lisboeta, “uma bica bem tirada”, quando um empregado pediu ao seu colega um café servido com esmero.

O Café Nicola é também um dos primeiros cafés lisboetas, inaugurado no século XVIII. O poeta Bocage, um dos maiores poetas portugueses do mesmo século, ficará eternamente ligado ao seu nome. Destemido e rebelde, aí levou uma vida de boémio, conspirando contra o despotismo do regime político da altura, defendendo os direitos humanos, analisando os problemas do país. Do espaço original deste café, nada resta. A sua configuração actual, de estilo déco, data dos anos 30 do séc. XX. No entanto, no interior, uma estátua de Bocage lembra a associação eterna entre o poeta e o café.

Em 1921, na Rua de Santa Catarina, no Porto, abre um luxuoso café aristocrático, seguindo a tradição dos elegantes cafés parisienses. Da autoria do arquitecto João Queirós, é inicialmente chamado Elite e é frequentado pela alta burguesia portuense e por figuras célebres portuguesas. São exemplos o aviador Gago Coutinho e a actriz Beatriz Costa.


Passa a chamar-se Majestic em 1922. O seu estilo Arte Nova remete-nos para o Porto dos anos vinte, da “Belle Époque”. A sua grande sala rectangular ostenta tectos de gesso, cuidadosamente decorados. Em ambas as paredes laterais, existem bancos corridos, forrados a cabedal. Os espelhos de cristal de Antuérpia conferem ao local um brilho requintado. Entre os espelhos, erguem-se colunas de capitéis ornamentados.


Por aí passaram nomes da cultura portuguesa como Teixeira Pascoaes, José Régio ou Amadeu Sousa Cardoso. Aí se debateram ideias literárias e artísticas. Presentemente, continua a ser palco de acontecimentos culturais: recitais de piano e de poesia, lançamentos de livros, exposições de pintura. Continua a ser visitado por figuras públicas portuguesas, a par dos turistas e dos clientes habituais, muito diversificados.